quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Política (por Juliano Lanius)

            Mesmo não entendendo os porquês da política brasileira, me arrisquei a analisá-la, algumas vezes. Do ponto de vista de autores como Maquiavel e Fernando Henrique Cardoso, tentei expressar os meus agrados e minhas frustrações quanto ao cenário de certas situações políticas já passadas. Hoje, proponho-me não a analisá-las, criticá-las ou elogiá-las, mas sim pontuar alguns fatos que me surgem como singelas dúvidas de um mero cidadão brasileiro, alheio aos objetivos políticos de nossos “representantes”.

            Lendo as páginas dos jornais locais e da região metropolitana, deparei-me com uma pergunta inevitável. 2014 é ano de eleições, época de escolher nossos candidatos favoritos. Mas, será que eles são mesmo nossos favoritos? E se tivéssemos a certeza de que o João da padaria fosse o candidato ideal para nossos anseios? E se a sua mãe fosse a candidata perfeita? Porém, nossas opções são limitadas e moldadas conforme os anseios de cada partido ou coligação. Não temos a livre escolha de elegermos quem quiséssemos neste país. Mesmo o Padre Marcelo Rossi. Para mim, exemplo de devoção ao trabalho que escolheu. Meu candidato perfeito.
            Por falar em anseios, a indicação de Margarida Silva Mayer não agradou os colegas do PTB. O presidente da sigla, Ali Nunes Ramadan, diz que a nomeação “não atende aos anseios do partido”. Como assim? Não são os anseios do povo que devem ser atendidos? Posso estar enganado, pois não entendo nada de política, mas as necessidades dos cidadãos deve ser a base governamental dos seus anseios. Quando recebi a notícia de que o novo procurador da Câmara de Vereadores poderia não ser filiado a nenhum partido político, comecei a acreditar nesta história de estado laico de que tanto se fala nos últimos tempos. Até o Papa Francisco falou nisso. E olha que ele é católico fervoroso! Pelo menos o novo procurador poderá “procurar” com seus próprios argumentos.
            O “novo” governo do Prefeito Cesar Schirmer deve contar com 180 a 200 CCs, número praticamente igual ao que havia anteriormente. Sou muito a favor de reformas administrativas regularmente. Isso dá fôlego novo à equipe, novos objetivos e tende a buscar novas mentes pensantes. Tomara que estas mudanças tragam benefícios significativos ao sistema funcional público de nossa cidade, que hoje se encontra truncado e cheio de desinformação. As pessoas que trabalham em repartições públicas são desatualizadas quanto ao funcionamento do próprio trabalho. Salvas as exceções, a maioria não assume a responsabilidade que seu cargo exige e acaba por passar a “bola” para o colega. Mas, depois de passar por mais 23 colegas, seu caso está resolvido e pode ir para casa contente e feliz. Tomara que os próximos contratados sejam, no mínimo, experientes nas funções que devem exercer. Colocar as pessoas a fazerem aquilo que elas já sabem é mais fácil do que ensinar todos a fazerem tudo. Porém, deveríamos exigir algumas metas de trabalho, para não haver o risco de o funcionário cair na rotina e esmorecer. Quanto mais se rende, mais se ganha. Que tal?
            Fiquei sabendo, esta semana, que a aprovação das contas eleitorais deixa de ser pré-requisito para a certidão de quitação eleitoral. Esta poderá ser obtida com a apresentação das contas de campanha, independentemente da aprovação delas. Podemos dizer que “a folha corrida” dos candidatos vai ser impressa sem a análise de seus atos. O que ele fez com o dinheiro não importa? Realmente, se é assim que o governo pensa em assumir a responsabilidade de arcar com as despesas eleitoreiras de seus candidatos, seja lá a que cargo, sem fiscalização e análise dos gastos públicos, podemos esperar mais alguns déficits na saúde, educação, transportes, cultura, segurança, etc, etc, etc...
            A depredação do prédio da SUCV, na semana passada, mostrou quão acirrada está à procura por culpados no caso Kiss. Apesar de o presidente da Associação das Vítimas ter dito que os manifestantes que agiram com violência e vandalismo não representam a entidade e as pessoas que fazem parte dela, os atos surtiram um efeito de dúvida quanto aos verdadeiros objetivos dos parentes das vítimas com tudo isso. A Associação tomou uma atitude séria e legal, mas os atos de vandalismo que presenciamos distorcem a imagem de comoção e solidariedade que há poucos meses vivemos. Entramos em um clima de guerra, em que somente queremos o mal do outro, como aconteceu com as vítimas. Não sei se o mal foi feito a elas ou o mal simplesmente aconteceu. Não tenho esta informação. Mas, tenho a certeza de que o ocorrido deveria ter acontecido para mudar um pouco as coisas. Para acalmar nossos corações e nos mostrar que vamos todos a um mesmo fim. Para a morte. Se tentássemos ser um pouco melhores uns com os outros, talvez nossa indignação fosse mais branda e consolável. Na verdade, é muito difícil pensar como um dos parentes das vítimas, pois somente eles sabem o que estão sentindo. Mas, um pouco de compaixão acalma e traz serenidade.
            Enquanto tudo isso acontece por aqui, lá na capital federal, na volta do recesso, apenas 37 dos 513 deputados compareceram ao trabalho na Câmara. Já aviso ao meu patrão, não precisa nem me esperar no fim das minas férias. Vou tirar mais uns dias para recuperar as energias empregadas na folga. Enquanto isso, os outros que tomem decisões por mim. Assim como fazem nossos deputados quando ausentes nas sessões de trabalho. Mas, seguimos em frente, na esperança de, um dia, podermos confiar plenamente em nossos representantes.

(Juliano Lanius)

Um comentário:

  1. Muito bom, cara!
    O problema, na verdade, é que eles são "profis"... ao menos uns 80%... não encaram a coisa toda com aquele mesmo "idealismo" (ou ilusão mesmo) de alguns de nós, simples mortais, de "mudar o mundo", melhorar as coisas, trabalhar para a comunidade, etc... não, eles simplesmente veem a coisa como uma carreira, como outra qualquer.
    Sem falar que todos já chegam lá com o rabo preso, porque pra se eleger o cara tem que bancar (obviamente não ele, mas alguém maior ou uma empresa) uma campanha (muitas vezes caríssima), então ele vai ter que "devolver" de alguma forma esse investimento que alguém fez nele quando estiver lá...
    É um intricado jogo de interesses - e, do jeito que é organizada nossa política, até os bons são consumidos lá dentro.
    Diego

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