quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

O Poeta Incompreendido, partidas e fim de ano

(por Diego T. Hahn)

Dia desses fui surpreendido com a notícia na sessão das cartas do leitor de um jornal santa-mariense. Pelo que constava ali, não sei das circunstâncias (ainda busco mais informações a respeito), mas nosso Poeta Incompreendido, o Gilson, teria partido recentemente. Surpreendido, pois cruzava frequentemente com ele no centro de nossa cidade, mesmo nos últimos tempos, e, difícil arriscar sua idade (jeito jovem e descontraído; aspecto físico meio judiado), algo entre 35 e 50?, mas creio que não tivesse mesmo mais do que 50 anos de idade e seria capaz de apostar que ainda estivesse longe dessa "cifra", provavelmente por volta dos quarenta e poucos, e sem sinais de algum grave problema de saúde mais evidente... mas, enfim.

Conheci o Gilson ao trocar uma ideia com ele uma tarde no Café Cristal, enquanto adquiria um dos seus compêndios poéticos xerocados (impregnados com algumas rimas óbvias e de uma certa ingenuidade, é verdade - que curiosamente contrastavam com sua aparência "ameaçadora", jaqueta jeans surrada, olhos meio caídos, bochechas infladas, cabeleira caindo no rosto, que por vezes até assustava alguns cidadãos mais "tradicionais" e conservadores -, mas características poéticas essas que acabavam por só fazer se vislumbrar uma pureza e um bom coração que deviam haver ali debaixo daquelas camadas de incompreensão).
E, coincidentemente, na Feira do Livro deste ano em SM autografamos lado a lado nossos lançamentos (aqui o link de um comentário que fiz à época da obra dele em parceria com outros 2 escritores locais: http://deletradj.blogspot.com.br/2014/05/3-poetas-em-1-opusculo.html).

Uma simpática e já folclórica figura da "cultura de rua" da nossa cidade que estava sempre "por ali" e agora não está mais - quem conheceu, conheceu; quem não conheceu...
Bem, ainda pode conhecê-lo no seu legado escrito.

Num ano de tantas partidas - independente do nível de precocidade das mesmas e da proximidade com os que partiram, igualmente todas doídas para nós que ficamos (e para nós que ficamos quase sempre acabarão por soar precoces, não é mesmo?) - acho justo encerrarmos o mesmo no "De Letra" homenageando todos esses que se foram, independente das suas áreas de atuação, mas em consonância com a temática aqui do blog, na figura do Poeta Incompreendido (com um poema do mesmo e outro - tradicionalmente conhecido igualmente por sua referência a partidas, do qual gosto muito e que usei também na página das dedicatórias in memorian do meu "Histórias reais de amigos imaginários (e vice-versa)" - de John Donne).

Abraços e um melhor 2015 para todos nós!!

“Nenhum homem é uma ilha isolada; cada homem é uma partícula do continente, uma parte da terra; se um torrão é arrastado para o mar, a Europa fica diminuída, como se fosse um promontório, como se fosse a casa dos teus amigos ou a tua própria; a morte de qualquer homem diminui-me, porque sou parte do gênero humano. E por isso não perguntes por quem os sinos dobram; eles dobram por ti”.

("Meditação 17" - mais conhecido por "Por quem os sinos dobram" - John Donne)


"Flores desabrocham e fenecem
Frutos crescem e amadurecem
As pessoas nascem e envelhecem

Os sentimentos aparecem e vão
De trem ou de caminhão
Eu fico sozinho na estação
De repente alguém toca uma bola de canhão
Na nossa relação
Se eu passar por essa provação
Esvaído de sangue no chão
Olho para você e pergunto
Por que não?
Mesmo no último segundo
Só escuto um murmúrio
E fico sem entender nada!!!"

("Flores" - Gilson, o Poeta Incompreendido)



sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Lançamento do "Minha camisa vermelha"


Para os amigos colorados (e, por que não?, também os gremistas, afinal, como se diz, o que seria do azul sem o vermelho e do vermelho sem o azul?, e certamente, de um jeito ou de outro, o co-irmão também é mencionado lá na obra :) - e, bom, por que nos restringirmos?, estendido obviamente também aos torcedores do, sei lá, Guarani de Venâncio, Aimoré, Ferro Carril, Rondonópolis, Real Madrid, especialmente aos do Anapolina, Boca Juniors e Ajax, e, enfim, de todos os times do mundo, até mesmo aos do Mazembe!, já que, independentemente do time, os assuntos da obra giram em torno dessa paixão mundial que é o futebol e, no caso, o que vale é a diversão), vai aí o convite do lançamento pela Editora Movimento do livro de crônicas sobre o Inter, "Minha camisa vermelha", parceria dos 5 autores (santa-marienses de nascimento ou adoção, mas colorados de coração), elencados no convite abaixo, na próxima quarta, 17 de dezembroa partir das 17 horas, na Athena Livraria, em Santa Maria.


Quem estiver pela área, seja pra se gabar dos feitos do Colorado ou só pra trocar uma flauta mesmo, dê um pulo lá! 


terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Pelos sebos da vida: "Hulk na Encruzilhada" (por Diego T. Hahn)



"E lá vem ele com quadrinhos de novo..." (é, não adianta, cara, ando meio viciado mesmo, fazer o quê!? - mas, ok, na próxima intervenção com a sessão "Pelos sebos..." prometo resenhar - ou avacalhar - um livro "de verdade", "sério", e tals)


Mas o fato é que aí está, direto do túnel do tempo: Hulk na Encruzilhada.



Esta série (ou arco de histórias, como se costuma designar no mundo das hqs), assim como as outras duas (a do Sombra e a do Wolverine) resenhadas anteriormente aqui, saiu no Brasil lá pelo final dos anos 80 e é tão foda, mas tão foda, que foi a culpada por um dos dois únicos crimes que cometi nesta vida: o furto de uma revistinha, no antigo Supermercado Real - atual Big - , por volta dos 10 ou 12 anos, diante do fato de não ter um puto no bolso e os coroas não quererem colaborar com a minha voracidade literária de então (o outro delito foi da mesma tipologia e mais ou menos pela mesma época de delinquência mirim: dez pila surrupiados da carteira do meu velho). Posso confessar isso hoje sem medo de ter a porta arrombada pelos tiras e sair algemado diretamente para o camburão, pois, passados mais de 20 anos, tenho quase certeza que esses crimes já prescreveram (e meu pai também já não pode mais me botar de castigo nem nada do gênero), mas lembro bem da minha tensão durante a execução do plano no mercado (o que me deixou claro que definitivamente a carreira no crime não era a minha praia - e, que diabos de ladrão se especializa no furto de revistas em quadrinhos mesmo??)...



Mas, divagações legais e morais à parte, lembro também que a história que mais me marcou nessa série foi a dos cavaleiros de ferro num dos mundos alternativos da tal encruzilhada. Curiosamente, assim como aconteceu com o personagem principal em "Eu, Wolverine", no início dessa história o gigante esmeralda surpreendentemente toma uma sova daquelas! Obviamente é a deixa para toda uma reviravolta com a devida redenção, que incluía como aliada uma moça verde que chorava flores, mas, naquele primeiro momento é de realmente fazer sentir pena do monstrengo, que, após a surra, ainda é preso e usado pelos cavaleiros de ferro como escravo em algumas obras de, digamos, "construção civil" (por exemplo, acorrentado, girando as engrenagens de um imenso moedor de crânios destinados a serem usados na construção de castelos), com direito a chibatadas e tudo...



Foram várias revistinhas, do início ao fim da função do Hulk nesse universo paralelo. Ele fora enviado para lá pelo Dr. Estranho, após ficar fora de controle na Terra, perdendo o pouco de senso de humanidade que ainda lhe restava e transformando-se num puro monstro, destruindo tudo ao seu redor. 


                                     
Na tal Encruzilhada Interdimensional, o Dr Estranho, que era seu amigo, acreditava que ele poderia achar um mundo - entre os vários possíveis lá, acessáveis através de portais - onde poderia ser feliz (e, parte também de um feitiço implantado pelo Dr. Estranho, cada vez que o Gigante Esmeralda entrasse num portal e se sentisse infeliz naquele novo mundo, seria levado automaticamente de volta à Encruzilhada).

Assim, Hulk ia tentando, portal após portal, adentrando esses diversos mundos, com geografias e personagens diferentes, e, infelizmente, assim como no mundo dos cavaleiros de ferro, invariavelmente se dando mal neles - e, consequentemente, sempre voltando ao limbo da Encruzilhada.



Um capítulo épico também dessa sequência de histórias é o encontro de Hulk na Encruzilhada com o quarteto de inimigos chamado Os Alienígenas (Vetor, Encouraçado, Raio X e Vapor - imagem abaixo), episódio que tem uma das capas mais marcantes da série (era a única capa, inclusive, desse arco de histórias do Hulk da qual eu lembrava ainda nos dias de hoje, e capa que emulava um daqueles duelos dos faroestes, só que com todo um fundo surreal da Encruzilhada ao invés dos desertos do Texas ou algo assim, com os 4 vilões perfilados diante de Hulk).



Um grande personagem - se não o maior - a se destacar desse arco de histórias também é o "Pompons coletivos", que é exatamente isso, um agrupamento de pompons que vive na encruzilhada e com quem Hulk faz amizade. Dei risada da lembrança quando comecei a ler e apareceram os tais pompons. 



Mas não me lembrava que não havia motivo para risos (ATENÇÃO: SPOILERAÇO!): fiquei realmente chocado ao seguir lendo e deparar-me, algumas revistas de muito sofrimento do Hulk depois, com os malditos pompons tentando sacanear o gigante, revelando-se pois uma entidade do mal!!



PQP!!

Não dá pra confiar realmente em ninguém hoje em dia... nem nos pompons coletivos!!

Mas... fazer o quê?

                                   Hulk e os Pompons Coletivos

No fim das contas, depois de muito penar na tal Encruzilhada Interdimensional, o Gigante Esmeralda acabou voltando à Terra, e assim Hulk segue sua vida, verde como sempre, embora mais maduro depois dessa experiência traumática (essa foi péssima, eu sei - assim como as infames piadinhas das fotos acima e abaixo - , mas não podia perder a deixa!) e eu, de lambuja, matei mais uma saudade literária dos tempos de infância.                                      

Hulk na Encruzilhada