terça-feira, 29 de outubro de 2013

Pelos sebos da vida: "Os vagabundos iluminados", de Jack Kerouac (por Diego T. Hahn)


Correndo o risco de ser chamado de herege por algum fã mais exaltado da geração beat e mais especificamente de Kerouac, começo este texto dizendo que me identifiquei ainda mais com este livro do que com “On the Road” (alguns outros experts da área ainda afirmam que "Visions of Cody" é que é sua melhor obra).

Os dois livros, na verdade, "Os vagabundos..." e "Pé na Estrada" (que é como "On the road" foi batizado por aqui - em Portugal, ganhou o engraçado nome de "Pela estrada fora", o que pode ter induzido alguns papais lusitanos a comprarem a obra no além-mar para seus pitocos, imaginando tratar-se de algum conto da carochinha)  se assemelham bastante, ao meu ver: o protagonista, e seu amigo “estranho” (como se houvesse algum personagem dos livros de Kerouac que pudesse parecer “não-estranho” aos olhos dos “normais”), zanzando pra lá e pra cá pelos States (com o plus de desta vez zanzarem também pelos "tetos" da América, em frenéticas escaladas pelos altos montes do país), em meio a muita bebedeira e filosofia. Japhy Rider é um perfeito Dean Moriarty. E no fim desta obra, tal qual no final daquela sua mais famosa, é ao suposto alter ego de Neal Cassady que Ray Smith/ Kerouac faz referência - e (uma espécie de) reverência - em memória ao olhar para (ou lá do alto) o céu da América.

A diferença aqui é que há uma abordagem, de certa forma, mais espiritual da coisa toda. O budismo permeia a obra, pela qual Smith e Rider fanfarroneiam em busca da iluminação, em meio aos seus bikkhus invisíveis. Tremendos bodsatvas!

Bem, Kerouac, como se sabe, é um tipo de leitura que não dá margem para meios termos: ou você o ama ou o odeia. 
E já estava mesmo na hora de abordar alguém dessa turma por aqui...

Truman Capote, por exemplo, avaliava assim seu estilo: “Isso não é literatura, isso é datilografia”. PAM!

Por outro lado, o pai dos beats influenciou caras como Jim Morrison, Bob Dylan, Charles Bukowski, Hunter Thompson, (o recentemente finado) Lou Reed, Neil Young... que tal?

Dois diferentes amigos meus, não tão famosos quanto os senhores acima citados, nos últimos tempos também me falaram de On the Road com pareceres distintos: Alexandre torceu o nariz, fez uma cara feia e disse que não gostou... Diogão mandou-me um sms: “Acabei de ler On the Road. É de arrepiar!”

Para quem nunca leu nada seu, nem "O Viajante Solitário", "Big Sur",  "O livro dos sonhos", nada, nem uma linha, enfim, é virgem de Kerouac mesmo e nem sabe direito de quem ou do que estamos falando, bem, difícil missão "traduzi-lo", mas, em bom (ou não tão bom assim) português, trata-se mais ou menos do seguinte, para dar uma breve ideia: 
O cara (1922 - 1969) foi um dos precursores - é, ao menos, o representante maior - de uma linha de escrita - associada também a uma geração de escritores "malditos" - cujo estilo (se dá para dizer assim) consistia (se dá para dizer assim também, visto que críticos afirmam faltar certa consistência nela) em uma prosa fluida, solta, livre de preocupações formais, com personagens - e autor - aparentemente em um eterno brainstorm, disparando e emendando pensamentos sobre pensamentos, concatenando-os, ou misturando-os ainda a outros, em longas e ininterruptas sequências (diz-se que Kerouac escreveu "On the Road", por exemplo, em três semanas abaixo de muito café - sim, café - e colou com fita as folhas umas às outras formando um imenso "folhão" para não ter que parar de datilografar para trocá-las), num ritmo por vezes quase "alucinado", sem pontos, às vezes sem vírgulas - em outras, com um monte delas - , num, como é chamado, “fluxo de consciência”, como se colocando no papel o que quer que vagasse pela cachola naquele exato momento, sem freios, e sem maiores reflexões pseudo-psicológicas além do que está ali na frente e da sensação que aquilo lhe emite, como simplesmente registrando e repassando detalhada e freneticamente para o leitor tudo o que se vê, ouve e se sente, e assim, nessa toada maluca, sendo milimetricamente descritivo (chegamos a sentir o cheirinho de suas refeições, improvisadas com o que havia à mão ou em algum boteco de beira de estrada - onde costumava comer sempre um bom bife -, feitas meio às pressas em meio a uma viagem e outra) e ao mesmo tempo conseguindo extrair poesia em meio a essa prosa doida toda, conversando com os animais e as flores e as coisas e o mundo como um todo.

Ou resumindo ainda mais, de outra forma: trata-se em geral de viagens (Jack e seus amigos eram uma espécie de "mochileiros" - embora uns mochileiros bem mais "crus" que esses da geração hostel que estamos acostumados a ver hoje; normalmente viajavam com um livro e uma garrafa nas mãos - e sem mochila), filosofia de bar e álcool.
Ou seja, para os "inquietos" é mesmo quase impossível não se inspirar e sentir  o "chamado" da estrada lá fora ao ler Kerouac.

E neste temos como bônus ainda a dupla montanhismo/ budismo.

Particularmente, comecei "Os vagabundos..." a mil, dei uma travada lá pelo meio (embora não consiga avaliar exatamente se foi o próprio livro que perdeu fôlego por ali ou se foi a mania que adquiri há algum tempo de ler dez livros ao mesmo tempo que me tirou um pouco do foco), e retomei com tudo do meio para o fim.

"Enquanto isso, no topo da montanha, onde as estrelas acenavam sobre as árvores, alguns casais davam escapadelas para ficarem se agarrando ou levavam garrafões de vinho e violões lá para cima e organizavam festinhas separadas no nosso barraco. Foi uma noite ótima. O pai de Japhy afinal chegou, depois do trabalho, e era um sujeito pequeno mas corpulento e durão, igualzinho a Japhy, começando a perder os cabelos, mas totalmente cheio de energia e maluco igual ao filho. Imediatamente começou a dançar mambos enlouquecidos com as garotas enquanto eu batucava em uma lata como maluco. "Vai lá, cara!" Nunca se viu um dançarino mais frenético: ficava lá inclinando o corpo para trás até quase cair, mexendo o quadril na direção da garota, suando, ansioso, sorrindo, contente, o pai mais maluco que eu vi na vida. Havia pouco tempo, no casamento da filha, ele aparecera na recepção ao ar livre correndo de quatro no meio das pessoas com uma pele de tigre nas costas, mordendo os calcanhares das senhoras e latindo. Ali, pegou uma garota de quase um metro e oitenta de altura chamada Jane e a rodopiou deum lado para o outro e quase derrubou a estante de livros. Japhy ficava indo de uma seção à outra da festa com um enorme garrafão na mão, o rosto brilhando de felicidade. Durante um tempo, a festa da sala fez esvaziar o convescote da fogueira e logo Psyche e Japhy protagonizavam uma dança tresloucada, então Sean deu um salto e a fez rodopiar e ela ameaçou desmaiar e caiu bem entre Bud e eu sentados no chão batucando (Bud e eu que nunca tínhamos garotas e ignorávamos tudo aquilo) e ficou lá um segundo deitada no nosso colo. Fumamos nossos cachimbos e continuamos a batucar. Polly Whitmore ficou pela cozinha ajudando Christine coma comida e até preparou ela mesma uma fornada de biscoitos deliciosos. Percebi que estava sozinha porque Psyche estava lá e Japhy não era dela de modo que me aproximei para agarrá-la pela cintura mas ela olhou para mim com tanto medo que não fiz nada. Parecia morta de medo de mim. Princess estava lá com um namorado novo e também ficou amuada em um canto. Perguntei a Japhy: "Que diabos você vai fazer com todas essas garotas? Não vai me dar uma?". "Pode pegar a que você quiser. Hoje à noite, estou neutro." "

Ah, sim, montanhismo, bebidas, filosofia, budismo e... claro, mulheres.

Principal nome da geração beat, vi recentemente uma entrevista sua - datada creio que lá do final dos ano 60, aparentando já estar meio de "ressaca" da coisa toda - na qual explicava que a expressão havia sido cunhada originalmente em função dos negros e pobres oprimidos da América (beat=batidos, amassados), ou algo assim, mas também mesclando-se com o sentido de beatitude e do ritmo frenético do jazz. No entanto, dizia que achava que o termo com o qual se costumava definir os autores daquela geração, os "beatniks", havia se tornado “pejorativo” e já não lhe agradava mais.

De qualquer forma, beato seja, Jack, você, seus beatniks, e todos os outros vagabundos iluminados deste mundo - por colocarem, de um jeito ou de outro, um pouco de (doida) poesia nessa zona toda.

 

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Os arcaicos de Barbosa (por Juliano Lanius)

Confesso que fui para casa, naquele dia, depois do trabalho, um tanto quanto indignado. O desfecho dos tais “embargos infringentes”, por alguns momentos, me deixou com um nó no estômago. Ao chegar em casa, liguei a televisão, a fim de ver as considerações finais deste caso. Na tentativa de entender todo o contexto da linguagem utilizada pelos magistrados, deparei-me com duas observações: 1) os ministros do STF não entendem uns o que os outros falam e/ou escrevem, e; 2) as leis, no Brasil, são redigidas para serem passíveis de intervenções interpretativas e embargos diversos.
            O calhamaço de folhas com que lidava o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Joaquim Barbosa, demonstrava o desentendimento e a desorganização que, infelizmente, tomou conta de todos os setores públicos do país. As pausas na fala discursiva do presidente demonstraram a nítida desordem entre os integrantes da corte. Os diversos pontos de vista, sobre as mesmas leis, nos mostram que as bases fundamentais que regem o sistema judiciário nacional não se enquadram a todos os cidadãos, e sim àqueles que são julgados conforme as interpretações magistrais. A aceitação ou não dos recursos interpelados pelos advogados dos réus do mensalão se dá a despeito dos resultados matemáticos que o direito sugere. São as convicções pessoais que balizam os votos dos ministros do STF, conforme seus entendimentos sobre determinadas leis, que deveriam ser aplicáveis a todos, sem distinção.
            A equação crime + atenuantes = pena modificou-se para crime + atenuantes + entendimento da lei pelo magistrado=pena e/ou aceitação de recursos. E estes somente servem para protelar a execução de sentenças previamente julgadas. Disse José Dirceu que se, por acaso, for condenado no Brasil, irá recorrer a cortes internacionais. Em um momento em que o país se esforça para se manter como nação independente e moralmente exigente, outros países não devem ter poder de intervenção em assuntos que não lhe competem. O fato de certa pessoa ter ocupado cargo em alto escalão do governo não a privilegia de ter acesso a recursos internacionais. Os crimes foram cometidos dentro do Brasil e contra o Brasil, portanto, as leis que devem reger as condenações devem ser as brasileiras.
            Mas, voltando à linguagem usada nas sessões do Supremo, cada magistrado luta para apropriar-se de termos altamente técnicos, para se fazerem ininteligíveis ao público e aos próprios colegas. Creio que, ao invés de debruçarem-se sobre os autos dos processos penais, os ministros têm seus olhos fixados aos dicionários jurídicos, a fim de serem conhecedores dos mais diversos e desconhecidos palavreados do direito. Chega a um ponto tal que nem mesmo eles – os magistrados – sabem do que estão falando. Então, pedem vênia ao presidente Barbosa, proferem seus votos e continuam a ser considerados os meritocráticos detentores do poder de julgar e condenar.

            Enquanto isso, continuamos às margens, assistindo a tudo de camarote e, o pior, sem entender patavina sobre o que se passa. Com a linguagem arcaica usada nas sessões do Supremo, fica difícil saber realmente o que acontece. Do que adianta as sessões serem transmitidas ao vivo se não as entendemos? Talvez uma tradução simultânea possa ser considerada. Imaginem um cidadão, falando em português e não “juridiquês”, dentro daquele quadradinho no canto da tela. Quem sabe, com essa medida, poderíamos estar um pouco menos “boiando” na história toda, como meros espectadores, e não agentes do processo. Pode ser que, um dia, tudo isto seja diferente. Mas, até lá, continuamos flutuando nas burocracias e trâmites público-administrativos do país, em meios aos arcaicos da corte suprema da nação.

sábado, 12 de outubro de 2013

Zen Pencils (por Diego T. Hahn)

Para quem ainda não conhece esse fantástico site (descoberto também recentemente pelo De Letra), aqui vai uma breve introdução ao Zen Pencils.
Surgido no início de 2012, o negócio funciona da seguinte maneira: o criador do site, um designer gráfico australiano chamado Gavin Aung Than, largou o emprego "de verdade" que tinha, passou a "pescar" na internet citações legais de uns caras famosos e adaptá-las para histórias em quadrinhos e... 

Pimba. É isso.

Sucesso de crítica e público.

Sem mais delongas, publicamos aqui, pois, uma pequena amostra do Zen Pencils: a adaptação para "The social media generation" (que tem, aliás, certa relação com o texto anterior publicado aqui no "De Letra"), do comediante Marc Maron.

Como a tradução em português desta citação/história não está lá essas coisas, eis o link da publicação original em inglês:
http://zenpencils.com/comic/129-marc-maron-the-social-media-generation/

E aqui o do Zen Pencils "geral":
http://zenpencils.com/

Boa diversão (e reflexão)!



domingo, 6 de outubro de 2013

Apelo aos internautas (por Diego T. Hahn)


Este texto, gostaria de deixar claro desde o princípio, é completamente despojado de qualquer ínfima pretensão literária. Está sendo simplesmente “vomitado” mesmo, pouco se atentando à sua forma, ao seu estilo, etc... talvez fique meio deslocado aqui, tendo-se em mente o intuito principal do blog, mas é uma questão tão somente de aproveitar este espaço para “utilidade pública” (agora sim, não literário, mas eis um toque de pretensão!). Ou tão somente para um solitário desabafo mesmo.

Enfim... venho por meio deste texto fazer um apelo a todos vocês, meus caros amigos internautas.

 Bem, o caso é que esta nossa velha e boa internet, esta imensa rede na qual flutuamos (e muitas vezes flatulamos) hoje em dia, essa dimensão paralela na qual vagamos diaria e meio distraidamente, bem sabemos tem lá seus prós e contras, e, como se diz, tudo depende do modo como fazemos uso dessa ferramenta – e blá blá blá...

Pois, eis a questão que tem me incomodado bastante, que tanto me intriga, e que quero partilhar aqui:
Com tantas maravilhas à nossa disposição, por que diabos insistimos em fazer um uso tão precário desse universo de possibilidades???

Se por um lado, sendo extremo, poderia citar, por exemplo, o norte-americano Nicholas Carr que sugere em seu livro “A geração superficial: o que a internet está fazendo com nossos cérebros” que devido à maneira como obtemos a informação na internet, estamos ficando ainda mais burros, pela superficialidade das mesmas, assim tornando essa ferramenta uma faca de dois gumes, ao menos temos hoje acesso a mais informação e a questão que abordo aqui não é nem essa superficialidade em si, mas o fato de o pessoal IGNORAR até mesmo essa informação, ainda que superficial, em detrimento a outras “informações”, essas, além de superficiais, simplesmente, digamos, fúteis.

Somos – falo aqui por nós, brasileiros – um povo atrasado, culturalmente, politicamente, historicamente, em termos de educação, etc, em relação a outros povos mais “desenvolvidos” – como, digamos, só para exemplificar, a maioria dos povos europeus.

Sem babação de ovo e pagação de pau; isso é um fato. É uma questão que também diz respeito, claro, à idade de um povo, seu tempo de existência mesmo...

Pois a internet coloca à nossa disposição a possibilidade de encurtarmos centenas – ou até mesmo milhares – de anos de distância e equilibrarmos um pouco essa balança! Temos quase tudo ali.

Claro, nem precisaria dizer que é necessário se saber selecionar, “filtrar”, a informação desejada, mas ok!, aproveito (como diria Paulo Freire, "é óbvio; mas o óbvio às vezes também precisa ser dito", ou algo assim; vá pesquisar pra ver se ele disse mesmo isso) e – que conste dos autos – acabo de fazê-lo.

Pois dito isso, repito: temos um mundo de informações ao alcance de um clique, informações que perdemos nos tempos de colégio quando queríamos mais era bagunçar no fundão ou jogar bola, quando na adolescência estávamos mais preocupados em namorar, festejar e seguir jogando bola ou assistindo o jogo de bola, ou fazendo outras mil coisas mais divertidas à época – e outras não tão divertidas na sequência da vida, como, por exemplo, trabalhar – e, ok, era assim que devia ser!, foi realmente divertido, valeu, e provavelmente faríamos do mesmo jeito de novo se pudéssemos voltar atrás e escolher – e não quero pregar o fim da nossa diversão; não, por favor!, obviamente não vamos deixar de fazer nada do que gostamos – ou do que efetivamente precisamos, como trabalhar – e  vamos continuar normalmente namorando e jogando bola e assistindo ao jogo de bola, e também trabalhando e fazendo todas as nossas outras coisas de gente grande, enfim...

Mas o caso é que hoje podemos recuperar todo aquele tempo perdido!! Basta flagrarmo-nos – o que, bem, na verdade, já não é fácil, afinal, como bem mostra, aliás, a própria internet, atualmente somos todos gênios e temos tanto a dizer – dessa nossa ignorância e desinformação. Um pouco de humildade, portanto – outro artigo raro no mercado. E, claro, vontade. Vontade de aprender, vontade de evoluir. É, não é fácil: noção da própria ignorância, humildade, vontade... por isso este apelo desesperado. Pois no mais, acesso às informações, ao menos acesso àquelas informações que circulam na internet hoje em dia quase todo mundo tem.

Informações as quais, sem acesso à rede, teríamos que garimpá-las gastando enormes somas em livros, deslocando-nos a bibliotecas, correndo – literalmente – atrás... pois agora está tudo ali, na nossa frente: história, geografia, política, filosofia, religião, física, medicina, tudo prontinho, explicado, reexplicado, uma versão, duas, três, a oficial, a não-oficial, tudo...

Pois aqui vem o meu apelo: Por favor, FAÇAMOS MELHOR USO DESSA FERRAMENTA, PORRA!!!

Aproveitemos para correr atrás e nos informarmos!! Ler. LER mais! Se não nos livros, na tela do pc mesmo – tem quem prefira assim hoje em dia... enfim... pois então façamos assim. Mas façamos.

LER. LER. LER!!

Estudar! E não só a gurizada lá do colégio. Também nós. “Velhos”. Adultos. Leiamos. Informemo-nos. Não aceitemos o que nos dão mastigado. Contestemos. Não aceitemos o que a mídia tradicional nos mostra no telejornal ou no diário em papel... não aceitemos o que os filmes (e séries, e livros) hollywoodianos tentam nos empurrar goela abaixo...

Leiamos. Estudemos. Informemo-nos.

Repito: é um apelo desesperado!! 

Sim, pois me desespera ver toda essa informação hoje ao nosso dispor e a nossa gente ignorando-a solenemente, fazendo esfumaçar três ou quatro horas dos seus dias – todos os dias – bisbilhotando a vida alheia em alguma rede social e continuando sem saber os porquês das coisas que realmente importam neste complexo mundo no qual vivemos – não que a internet vá fazer isso por nós, mas talvez já nos ajude a ao menos sair da “estaca zero”, na qual a maioria de nós se encontra...

Sim, sei que isso tudo talvez tenha a ver simplesmente com “pensar grande”, “pensar pequeno” – e não me refiro aqui a “ter sucesso”, ter dinheiro, ter poder, etc (embora, claro, não se possa ignorar completamente essa relação...) – e talvez seja impossível incutir o “pensar grande” para quem vive numa redoma de vidro, dentro de uma espécie de Big Brother ou “Show de Truman” da vida. Provavelmente eu mesmo, que estou aqui bradando tudo isso, esteja dentro dessa redoma também... mas creio que, humildemente, treinando pouco a pouco os olhos, começo a enxergar, ainda que meio embaçado, algo lá fora.

E, de qualquer modo, eu brado, mesmo que eu esteja condenado a viver aqui dentro, brado para talvez mexer com os brios de alguém com um potencial maior, alguém que consiga fugir dessa nossa prisão e quem sabe volte um dia para nos salvar: informemo-nos para sabermos ao menos por que cargas d´água estamos indo para uma mobilização na rua, por exemplo, pelo que efetivamente estamos protestando, e não corramos o risco de virar massa de manobra, e um dia talvez no futuro, com cara de bobos, dizermos “ah...”, concluindo que não era nada daquilo que pensávamos – ou não pensávamos, mas tinham nos dito – e nos arrependermos.

Enfim, é tudo que peço a você, amigo internauta.

(Agora, ok, pode voltar pro seu game – cuidado! Um inimigo atrás de você!! Olha aí; não diga que eu não sou amigo e não avisei – ou pra sua rede social pra fuçar a vida da Suzimara da esquina – aquela vagabunda!...)
 

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Política IV (por Juliano Lanius)

Li, em alguma página por aí, que “não há antídoto mais poderoso ou eficaz contra as aspirações de autocratas de todos os matizes” do que a democracia. Concordo, mas não plenamente.
            Infelizmente, os ditos autocratas ainda continuam perpetuando nas bancadas do poder, sem chance de que os mandantes do país sejam substituídos por aqueles com “sangue novo” correndo nas veias, com vontade real de exercer a democracia verdadeira. Somos, ainda, governados por “coronéis” de Estado, que pensam ser o dinheiro a base para uma governança coesa. Pois, enganam-se. Ou não. Se a questão financeira estivesse sendo pensada na forma de distribuição igualitária de recursos entre as classes, os políticos estariam enganados. Porém, como vemos hoje em dia, o poder é exercido por aqueles de castas mais abastadas, ou seja, a elite governamental do Brasil usa o nosso dinheiro em favor próprio. Portanto, estão corretos.
            Neste contexto, diminui o valor no repasse de verbas federais, pelo Fundo de Participação dos Municípios. Com a queda, 31 cidades da Região Centro tiveram que reduzir seus gastos. Em Santa Maria, houve redução de 43 CCs, no intuito de reduzir o ônus da gestão público-administrativa. É, o cinto apertou. Mas, honestamente, não sou a favor da demissão dos cargos de confiança, nem mesmo dos concursos públicos. Em tempos idos, minha opinião era contrária: a favor dos concursos de admissão pública. Porém, ao longo dos anos, e tendo experimentado servir como CC, mudei meu conceito.
            Atualmente, penso que os concursos públicos, da maneira como são concebidos, executados, mantidos e (não) fiscalizados, somente colaboram para o enfraquecimento da máquina pública e o esmorecimento dos ânimos de trabalho dentro das repartições. A atual situação do funcionalismo público brasileiro se encontra em caos. Os concursados, escondidos atrás de suas mesas e guichês, não contribuem muito para o bom andamento das burocracias do país. Sentem-se “donos do campinho”, mas não colaboram com o jogo, nem sequer fazem questão. Os CCs, por sua vez, encontram-se ligados a ideologias político-partidárias, pois ingressam na carreira pública através deste ou daquele candidato. Todas as suas ações devem ir ao encontro dos ideais de seu “padrinho”, mesmo que isso signifique ir de encontro aos interesses sociais do Brasil. Creio ser imprescindível uma reforma no sistema empregatício do serviço público brasileiro. A meritocracia deve permear toda e qualquer ação administrativa, tendo em vista a contemplação das necessidades do povo e a correta valorização dos funcionários públicos.

            Mas, nem tudo está perdido. Temos um sistema de participação popular, que “ouve” os cidadãos e os impele a escolher as prioridades de sua região. Na Região Central do RS, a segurança pública foi o tema mais votado pelos participantes do pleito, com mais de 39 mil votos, dos 46 mil votantes. Em segundo lugar, ficou a saúde. Atenção, governantes! Estes são pedidos populares, vindos de baixo, hierarquicamente falando. Sabemos que vocês estão acostumados a receberem os mandos e desmandos de escalões mais altos do poder, mas esta é a nossa voz clamando pelo suprimento de nossas necessidades básicas. Esperamos que nossa opinião seja levada em consideração. Já que foi lançado o movimento do Rio Grande do Sim, para mobilizar os gaúchos em torno de propostas de consenso para o desenvolvimento do Estado, eis as duas primeiras: segurança e saúde!

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Conclusão do projeto crowdfunding "Flashbacks de um mentiroso 2" (por Diego T. Hahn)


Bom, como previsto no cronograma (http://deletradj.blogspot.com.br/2013/07/projeto-crowdfunding-flashbacks-de-um.html), acabou-se setembro e com ele o prazo final para colaborações para o projeto do livro "Flashbacks de um mentiroso 2" (lembrando sempre que o título é provisório; em breve o definitivo será revelado - por e-mail - especialmente para os colaboradores!).

Pois o resultado da fase de colaborações foi o seguinte:

Atingimos cerca de 70% do valor pretendido para viabilizar a obra.

A meta mínima a ser atingida para se seguir com o projeto era de 85%... o que teoricamente acarretaria no cancelamento do mesmo...

Maassss...

Amigo, já que chegamos até aqui... não, não vamos parar agora!...

Mesmo com todas as eventuais dificuldades - que já há e que ainda virão - dessa  doida aventura, a valorização por parte do pessoal que se interessou e colaborou até agora é - além do aporte financeiro que é, claro, imprescindível - um estímulo "moral" em si, quase um compromisso, para dar sequência nessa empreitada.

Portanto, segue o baile!

A obra sai de um jeito ou de outro, com ou sem Lei Rouanet, com ou sem Lei de Incentivo à Cultura, com ou sem empréstimo do BNDES ou do FMI, com ou sem palpite certo na Mega, na Quina, no Bicho ou na Loteca, com ou sem emprego!!

VAI SER NA RAÇA, CUMPADI!!

E a partir de agora, o cronograma é o seguinte:

Os textos serão enviados até metade de outubro para a correção;

em seguida, o material será enviado - no máximo até metade de novembro - para a formatação;

até final de novembro, a destinação é a gráfica, de onde o plano é que saia até a primeira quinzena de dezembro (mais tardar no final daquele mês).

Desde já, novamente agradecimentos aos que estão participando dessa aventura (e para os de última hora ainda desesperados por participar, ecco uma colher de chá, pois, já que como se sabe ainda necessitamos de fundos e o material ainda não foi para a formatação: uma tolerância de quinze dias - ou seja, até metade de outubro - para ainda se manifestarem!! É AGORA OU NUNCA, CAMARADAS DAS LETRAS!!!)

Abraços e até mais!

Diego T. Hahn