segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Livros em stand-by: "A Odisseia", de Homero (por Diego T. Hahn)

Esta nova sessão do De Letra tem por intuito elencar alguns daqueles livros que, após terem tido seu início e meio – ou, vá lá, alguns só o início mesmo – devidamente desbravados, a uma certa altura, por algum motivo, uma abrupta interrupção ocorreu, comprometendo essa sequência natural, e assim não foi possível se chegar à sua conclusão, e voltaram eles então a simplesmente decorar as prateleiras do lar, onde lá  estão até hoje “de molho”, “congelados”, aguardando pela retomada triunfal de suas sagas um dia desses.
Para estrear esta nova sessão, nada melhor do que “A Odisseia”, o livro que narra a volta do guerreiro grego Ulisses (ou, no original grego - permitindo "compreender" melhor, por sinal, o título da obra -, Odisseu) em meio a deuses, monstros e outras criaturas mitológicas para casa (a ilha de Itaca, na Grécia), depois da Guerra de Troia.
 
A autoria do livro é costumeiramente atribuída ao poeta da Grécia Antiga Homero, embora haja controvérsias e certas “correntes” defendam a tese de que a história teve mais de um autor e ela foi sendo escrita em diferentes épocas (tal qual uma espécie de Wikipédia da Antiguidade) até tomar sua forma definitiva, como a conhecemos hoje.
 
É uma boa leitura, fluída, divertida (ao menos a edição que repousa na minha biblioteca pessoal – o texto original trata-se de um longo poema épico, enquanto aqui foi transposto para o formato de prosa), que surpreende mesmo pela sua “contemporaneidade”, ao menos na linguagem, considerando-se que foi escrita há mais de dois mil anos.
Porém, apesar desses atributos e de ter realmente me agradado, por algum motivo, há alguns anos atrás empaquei nessa aventura – e lá devo ter ficado perdido, em alguma das ilhas cíclades...
 
Não lembro ao certo, mas provavelmente fiz casa na ilha de Ogígia, onde habitava a maravilhosa ninfa Calipso (sim, confesso que gostei de lá e talvez minha “greve” de leitura da obra se deva a discordar veementemente da partida do nosso herói de tão belos lugar e companhia)...
Mas, enfim, não, meu intuito não é cumprir os dez anos de "exílio" tal qual Ulisses e só acabar o livro daqui a uma década. A verdade é que, embora ainda distante de Itaca, anseio sim um dia ser recebido pelos braços da doce Penelope.
No entanto, um outro dilema surgiu recentemente - tal qual uma das tantas surpresas de Ulisses em meio ao mar ou como um “sinal” para os profetas daqueles tempos - no caminho dessa minha odisseia particular...
dia desses participei de um evento de troca de livros e lá encontrei e acabei trazendo para casa um outro livro de autoria atribuída a Homero: 

“A Ilíada”.

 
Pois, para quem não sabe, esta seria, no caso, a "irmã mais velha" da Odisseia, ou a "primeira parte" da história, aquela que se passa especificamente em meio à Guerra de Tróia, antes de Ulisses cair no mar...
 
De tal maneira, para desgosto do pobre Odisseu, parece que minha chegada a Itaca será novamente postergada e continuará um sonho distante, já que “A Ilíada”, por uma pura questão de cronologia (e, consequentemente, uma certa coerência, creio), passa à frente na fila dos épicos a serem desbravados nos próximos tempos – condenando assim “A Odisseia” a mais algum tempo em stand-by.
(por Diego T. Hahn)

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