segunda-feira, 26 de maio de 2014

Apelo aos internautas (por Diego T. Hahn)

(Por razões que a vida moderna e o mundo ao redor me oferecem cotidianamente, sinto-me impelido a reprisar este texto aqui no blog - e creio que o farei daqui a mais um tempo de novo e de novo e de novo)

Este texto, gostaria de deixar claro desde o princípio, é completamente despojado de qualquer ínfima pretensão literária. Está sendo simplesmente “vomitado” mesmo, pouco se atentando à sua forma, ao seu estilo, etc... talvez fique meio deslocado aqui, tendo-se em mente o intuito principal do blog, mas é uma questão tão somente de aproveitar este espaço para “utilidade pública” (agora sim, não literário, mas eis um toque de pretensão!). Ou tão somente para um solitário desabafo mesmo.

Enfim... venho por meio deste texto fazer um apelo a todos vocês, meus caros amigos internautas.

 Bem, o caso é que esta nossa velha e boa internet, esta imensa rede na qual flutuamos (e muitas vezes flatulamos) hoje em dia, essa dimensão paralela na qual vagamos diaria e meio distraidamente, bem sabemos tem lá seus prós e contras, e, como se diz, tudo depende do modo como fazemos uso dessa ferramenta – e blá blá blá...

Pois, eis a questão que tem me incomodado bastante, que tanto me intriga, e que quero partilhar aqui:
Com tantas maravilhas à nossa disposição, por que diabos insistimos em fazer um uso tão precário desse universo de possibilidades???

Se por um lado, sendo extremo, poderia citar, por exemplo, o norte-americano Nicholas Carr que sugere em seu livro “A geração superficial: o que a internet está fazendo com nossos cérebros” que devido à maneira como obtemos a informação na internet, estamos ficando ainda mais burros, pela superficialidade das mesmas, assim tornando essa ferramenta uma faca de dois gumes, ao menos temos hoje acesso a mais informação e a questão que abordo aqui não é nem essa superficialidade em si, mas o fato de o pessoal IGNORAR até mesmo essa informação, ainda que superficial, em detrimento a outras “informações” - essas, além de superficiais, simplesmente inúteis, fúteis ou maldosas.

Somos – falo aqui por nós, brasileiros – um povo atrasado, culturalmente, politicamente, historicamente, em termos de educação, etc, em relação a outros povos mais “desenvolvidos” – como, digamos, só para exemplificar, a maioria dos povos europeus.

Sem babação de ovo e pagação de pau; isso é um fato. É uma questão que também diz respeito, claro, à idade de um povo, seu tempo de existência mesmo...

Pois a internet coloca à nossa disposição a possibilidade de encurtarmos centenas – ou até mesmo milhares – de anos de distância e equilibrarmos um pouco essa balança! Temos quase tudo ali.

Claro, nem precisaria dizer que é necessário se saber selecionar, “filtrar”, a informação desejada, mas ok!, aproveito (como diria Paulo Freire, "é óbvio; mas o óbvio às vezes também precisa ser dito", ou algo assim; vá pesquisar pra ver se ele disse mesmo isso) e – que conste dos autos – acabo de fazê-lo.

Pois dito isso, repito: temos um mundo de informações ao alcance de um clique, informações que perdemos nos tempos de colégio quando queríamos mais era bagunçar no fundão ou jogar bola, quando na adolescência estávamos mais preocupados em namorar, festejar e seguir jogando bola ou assistindo o jogo de bola, ou fazendo outras mil coisas mais divertidas à época – e outras não tão divertidas na sequência da vida, como, por exemplo, trabalhar – e, ok, era assim que devia ser!, foi realmente divertido, valeu, e provavelmente faríamos do mesmo jeito de novo se pudéssemos voltar atrás e escolher – e não quero pregar o fim da nossa diversão; não, por favor!, obviamente não vamos deixar de fazer nada do que gostamos – ou do que efetivamente precisamos, como trabalhar – e vamos continuar normalmente namorando e jogando bola e assistindo ao jogo de bola, e também trabalhando e fazendo todas as nossas outras coisas de gente grande, enfim...

Mas o caso é que hoje podemos recuperar todo aquele tempo perdido!! Basta flagrarmo-nos – o que, bem, na verdade, já não é fácil, afinal, como bem mostra, aliás, a própria internet, atualmente somos todos gênios e temos tanto a dizer – dessa nossa ignorância e desinformação. Um pouco de humildade, portanto – outro artigo raro no mercado. E, claro, vontade. Vontade de aprender, vontade de evoluir. É, não é fácil: noção da própria ignorância, humildade, vontade... por isso este apelo desesperado. Pois no mais, acesso às informações, ao menos acesso àquelas informações que circulam na internet hoje em dia quase todo mundo tem.

Informações as quais, sem acesso à rede, teríamos que garimpá-las gastando enormes somas em livros, deslocando-nos a bibliotecas, correndo – literalmente – atrás... pois agora está tudo ali, na nossa frente: história, geografia, política, filosofia, religião, física, medicina, tudo prontinho, explicado, reexplicado, uma versão, duas, três, a oficial, a não-oficial, tudo...

Pois aqui vem o meu apelo: Por favor, FAÇAMOS MELHOR USO DESSA FERRAMENTA, PORRA!!!

Aproveitemos para correr atrás e nos informarmos!! Ler. LER mais! Se não nos livros, na tela do pc mesmo – tem quem prefira assim hoje em dia... enfim... pois então façamos assim. Mas façamos.

LER. LER. LER!!

Estudar! E não só a gurizada lá do colégio. Também nós. “Velhos”. Adultos. Leiamos. Informemo-nos. Não aceitemos o que nos dão mastigado. Contestemos. Não aceitemos o que a mídia tradicional nos mostra no telejornal ou no diário em papel... não aceitemos o que os filmes (e séries, e livros) hollywoodianos tentam nos empurrar goela abaixo...

Leiamos. Estudemos. Informemo-nos.

Repito: é um apelo desesperado!! 

Sim, pois me desespera ver toda essa informação hoje ao nosso dispor e a nossa gente ignorando-a solenemente, fazendo esfumaçar três ou quatro horas dos seus dias – todos os dias – bisbilhotando a vida alheia em alguma rede social e continuando sem saber os porquês das coisas que realmente importam neste complexo mundo no qual vivemos – não que a internet vá fazer isso por nós, mas talvez já nos ajude a ao menos sair da “estaca zero”, na qual a maioria de nós se encontra...

Sim, sei que isso tudo talvez tenha a ver simplesmente com “pensar grande”, “pensar pequeno” – e não me refiro aqui a “ter sucesso”, ter dinheiro, ter poder, etc (embora, claro, não se possa ignorar completamente essa relação...) – e talvez seja impossível incutir o “pensar grande” para quem vive numa redoma de vidro, dentro de uma espécie de Big Brother ou “Show de Truman” da vida. Provavelmente eu mesmo, que estou aqui bradando tudo isso, esteja dentro dessa redoma também... mas creio que, humildemente, treinando pouco a pouco os olhos, começo a enxergar, ainda que meio embaçado, algo lá fora.

E, de qualquer modo, eu brado, mesmo que eu esteja condenado a viver aqui dentro, brado para talvez mexer com os brios de alguém com um potencial maior, alguém que consiga fugir dessa nossa prisão e quem sabe volte um dia para nos salvar: informemo-nos para sabermos ao menos por que cargas d´água estamos indo para uma mobilização na rua, por exemplo, pelo que efetivamente estamos protestando, e não corramos o risco de virar massa de manobra, e um dia talvez no futuro, com caras de bobos, dizermos “ah...”, concluindo que não era nada daquilo que pensávamos – ou não pensávamos, mas tinham nos dito – e nos arrependermos.

Enfim, é tudo que peço a você, amigo internauta.

(Agora, ok, pode voltar pro seu game – cuidado! Um inimigo atrás de você!! Olha aí; não diga que eu não sou amigo e não avisei – ou pra sua rede social pra fuçar a vida da Suzimara da esquina – aquela vagabunda!...)


 

sexta-feira, 16 de maio de 2014

"Cotidiano Crônico" e "Obras Encolhidas 2" (por Diomar Konrad)


Bom, entre outras coisas boas com as quais topamos pela Feira, tivemos o prazer de encontrar Cotidiano crônico, coletânea de crônicas do amigo Diomar Konrad, prontamente adquirida.

O Diomar, pra quem não conhece, é um daqueles caras com um humor e jeito de expressá-lo que a gente acaba nunca sabendo se ele está falando sério ou nos sacaneando - e receio que na maioria das vezes ocorra mesmo a segunda opção...

Na primeira e ótima crônica desse livro, Bibliografias, porém, ele sacaneia é o "sistema", como diria o Capitão Nascimento, e começa assim:

"Segundo fulano de tal, complementado por sicrano e outros, minha opinião não vale muita coisa. Sim, estamos no mundo científico, onde tudo o que for escrito ou dito necessita da bibliografia, essa entidade poderosa que torna todo trabalho glamouroso. Eu não posso dizer nada que é meu porque ainda não tenho ideias, só vou ter depois de famoso."

e por aí vai, nessa sua velha e boa toada irônica e crítica.

E aproveitando a deixa, publicamos aqui mais uma saraivada de frases-pensamentos do Diomar de outra obra sua, Obras Encolhidas 2 (para otimizar o espaço aqui, apesar de as crônicas não serem tão longas, e também porque já havíamos publicado alguns petardos do primeiro Obra Encolhidas no pequeno link aqui https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=6933832815028685316#editor/target=post;postID=6390931706306552428;onPublishedMenu=posts;onClosedMenu=posts;postNum=29;src=postname 
e prometido mais uns do segundo). Pois ei-los:

"Os engodos são os bárbaros modernos";

"Para os freudianos, não há voto consciente";

"Casamento não é prisão. Mas já significa amizade com o carcereiro";

"Antes de ensinar, a escola domestica. Você precisa estudar para poder ser explorado, pois até isso exige certo nível de conhecimento";

"Quem perdeu a identidade, na pós-modernidade, pode fazer uma segunda via";

"Todo mundo que namora tem um arroz. É aquela pessoa que se finge de amigo, mas quer ficar com seu par. Em alguns casos, eles são integrais, ficam o tempo todo azarando."

E, pra fechar com chave de ouro, esta fantástica, que consta da contracapa:

"Uma reunião é um agrupamento de pessoas que estão juntas para decidir alguma coisa, nem que seja a data da próxima reunião."


terça-feira, 13 de maio de 2014

3 Poetas em 1 Opúsculo


E, bem, finda a Feira do Livro de Santa Maria 2014, e feita a análise dos espólios, vou destacar aqui alguns achados em meio à função.

Um deles é a obra "3 Poetas em 1 Opúsculo", dos poetas José Kmargo, Valério Rocha e Gilson "O incompreendido".


Uma obra curta - são apenas 4 páginas -, porém com uma bela e caprichada produção, e alguns divertidos-românticos-filosóficos poemas, entre os quais destacaria os seguintes:


Alegria Orgânica
(Valério Rocha)

O que prometem
Estas plantações
Incrustradas nos dentes?
A fartura da colheita
de legumes gargalhantes?
Ou antes:
A claridade marfim
De uma agre ecológica
Felicidade cintilante.


Retrovisor
(Valério Rocha)

Contas de vidro
Não conta cigana
Não engana
Nem vejo no espelho
A vida que tinhas em mim
Resto de um vício
No chão dessa sala
Rasga o contrato
O trato com minha sibila
As almas visíveis em seda
Atrás de cortinas.
Não mais se atina
Não mais nos repara
Apenas refletem no olho
A imagem de dois indivíduos
Que o tempo deixou para trás.


Mitológica
(3 Poetas)

Mulher-medusa
Por teu olhar
Fiquei estátua de pedra na praça
Com os pardais cagando em cima.


Nota-desafio do blog: E agora, sem consultar os googles da vida, o amigo leitor saberia por acaso dizer o que significa "Opúsculo"?


quinta-feira, 1 de maio de 2014

Mais um trio de bons eventos na Feira do Livro de Santa Maria e imediações


Nos próximos dias mais alguns bons eventos vão continuar movimentando a Feira do Livro e imediações da mesma.

Já devidamente citado em post anterior - mas nunca é demais, não é mesmo!? - o grande momento, centro do Universo do Cosmos da Feira: 
o lançamento do nosso "Histórias reais de amigos imaginários (e vice-versa)", neste domingo, dia 04 de maio, a partir das 17 horas.


                                                                Uma das capas experimentais do livro

Antes disso, uma interessante proposta vai rolar na Athena Livraria: após um debate e sessão de autógrafos, um bando de nove malucos escritores vai ficar enclausurado na madrugada de sábado para domingo no local, com o intuito de aproveitar a inspiração da calada da noite e liberar uma nova fornada de contos de suspense e terror. O evento, batizado como "Uma noite alucinante", é inspirado na famosa história da criação do livro Frankenstein, quando Mary Shelley, sua autora, o concebeu exatamente numa reunião de entusiastas da literatura passada na mansão do amigo poeta Lord Byron em uma madrugada de raios e trovões.



E na segunda-feira, dia 05, acontece mais um Trocadilho, a partir das 20 horas, no Café Cristal.




O Trocadilho (ou seria "Trocatílio"? - irresistível, aproveitando o nome do amigo organizador do evento, Atílio Alencar, disparar este trocadilho em cima do trocadilho do Trocadilho! :) ocorre mensalmente no Café e a proposta do evento é a troca de livros - e de ideias, entre amantes da literatura... ou só de cerveja, mesmo.

Nesta edição, o Trocadilho está em parceria com o Circuito Elétrico, que é, desde 2008, o projeto com programação noturna paralela à Feira do Livro.

Pois nesta segunda, algumas atrações a mais do Trocadilho serão a exposição de poemas visuais e o sorteio do livro "Poética", de Ana Cristina Cesar.


Que trio, hein!??

Levanta a bunda do sofá e prestigia lá, pô!!