quinta-feira, 4 de abril de 2019

"Meu amigo Diogo Khan, vermelho, do contra, versus as milícias sociais" (por Diego T. Hahn)


Bem, pessoal, o caso é que eu tenho esse amigo, sabe, vamos chamá-lo, digamos, de, hum, Diogo Khan... é, isso, Diego, digo, Diogo Khan.

Pois bem, pois o Diogo Khan jura que, até para evitar mal-estar com familiares e amigos - e um pouco, é verdade, por medo das tais "milícias sociais" - , durante os últimos estranhos meses (e até anos) evitou falar em política mais “diretamente”, quando escrevia a respeito (porque o Diogo Khan é "metido a escritor", sabe; desses intelectualóides da vida, que dizem que valorizam a literatura e que, portanto, ainda têm costume de ler, se informar, pesquisar, e às vezes também escrever, procurando ser o mais ponderado possível) em meio a algum texto tentava sempre usar de metáforas e humor, e sem apontar muito diretamente dedo, sem nominar ou partidarizar a coisa... mas, como dizem, "para que os maus triunfem, basta que os bons não façam nada" (claro, como dizem também, isso é relativo, ninguém é totalmente bom ou totalmente mal, essa linha por vezes é tênue, e todos acreditamos ser os bons e que os maus são “os outros”; então, qual o critério do Diogo Khan para essa seleção? Simples, numa palavra, segundo ele: humanismo)

Olha, caras, o Diogo Khan, humanista, mas, antes de tudo, humano, confessa humildemente, então, que andou sendo um tanto quanto hipócrita esses últimos dias/semanas/meses... ele dizia que, embora não tivesse votado nele e fosse contrário à maioria de seus princípios, fazer o quê?, agora torcia para que esse novo governo desse certo, e tal... 

...mas, balela: é tudo mentira! - eu venho agora aqui desmascarar o Diogo Khan.

 Pois após começar a caminhar para uma espécie de depressão em função do que lê diariamente nos comentários dos leitores de sites de notícias e jornais (sim, ele também é meio masoquista), Diogo Khan decidiu ser sincero: claro que ele torce para que o Brasil melhore – e logo (amanhã; ou, ainda melhor, hoje!) – , que diminuam os crimes (especialmente os violentos), que a corrupção diminua, que a qualidade vida em geral melhore, torce sim para que o Brasil melhore, mas, ele sente muito, mas é impossível para ele torcer por esse governo.

Por quê?

Porque ele é comunista, claro! Só pode. Assim como a Globo, a ONU, a Veja, o Faustão, o Paulo Coelho, o Facebook, Marine Le Pen, o Roger Waters, o Bono Vox, a Alemanha, o Museu do Holocausto, em Israel (os dois últimos – com sua pouca experiência no ramo, não é mesmo –  por mencionarem o óbvio, apesar de que parte da sábia, culta e instruída população brasileira tenha repentinamente começado a discordar: que o nazismo foi uma ideologia de extrema direita - alguns "milicianos sociais" brasileiros, que, contraditoriamente defendem mudança de embaixada para Jerusalém, chegam a negar ainda o próprio Holocausto, quando cerca de 6 milhões de judeus foram mortos pelo agora também comunista Adolf Hitler)...

E, claro, também pela sua natureza do contra; "se hay gobierno, soy contra", recita Diogo Khan, que às vezes se sente mesmo uma espécie de "exército de um homem só" - por mais que no fundo as suas posições se inclinem ligeiramente, claro, para um lado - , um estranho perdido na "terra de ninguém" (aquela zona de guerra, cheia de arames farpados, entre as trincheiras, sabe?), entre as barricadas dos dois extremados lados (mas, como um dos lados parece atualmente mais extremado e extremista, e de lá as balas e bombas zunem à sua volta com mais violência, é contra este que D.K. se opõe mais incisivamente no momento...).

Mas, brincadeiras à parte, mais especialmente pelo singelo fato de acreditar que não basta uma economia melhorar para a vida em geral melhorar – que a "vitória" deste governo seria, de certa forma, a vitória da falta de humanismo, seria a prova de que os fins simplesmente justificam mesmo os meios (não importa o que você diga ou faça, quem você desrespeite, o quanto você deturpe a História - se a economia estiver girando e todo mundo com emprego, ganhando bem, tudo bem)... 

Diogo Khan, pobre sonhador, prega que é preciso mais: é preciso a valorização, veja você, da educação, da cultura, da ciência (vale a ilustração de Goebbels, Ministro da Propaganda de Hitler, que por outro lado dizia: "Quando ouço a palavra cultura, saco logo meu revólver..."). Sem isso, por mais que a economia esteja relativamente bem, ele acha impossível que se dê "o salto".

Se não tiver isso, portanto, não lhe serve. Embora não, não o considere um "vilão" (para Diogo Khan não há vilões e nem heróis nessa história - mas ele só não gosta dos que nem ao menos tentam raciocinar com parcimônia, por conta própria, e dos que desrespeitam os fracos e oprimidos) não basta, no entanto, para Diogo Khan a figura do empresariozão legalzão "botando banca" porque está fazendo a economia girar e se gabando de automaticamente gerar empregos.

Isso é bom, sim - melhor ainda para o empresariozão, claro, que por vezes anda de jatinho e passa férias na Suíça (sim, Diogo Khan também é meio invejoso e queria também ganhar bilhões e passar férias na Suíça... mas, quem mandou ler e estudar, né?) - mas não lhe basta. Diogo Khan quer é a tal qualidade de vida – plena, no seu todo: não só um troco no bolso; ele quer o tal humanismo (cristão? Onde estão os cristãos nessa hora?? Estão todos na Igreja?), quer mais sensibilidade, quer empatia... e, claro, se possível, também um pouco de poesia (olha aí, por sinal, até rimou!).

Diogo Khan diz que até torceria por este governo se o líder dele se penitenciasse, humildemente, fosse mais “humano”, não se escondendo atrás da tropa de choque de seus milhões de votos e, claro, das famigeradas "milícias sociais", e pedisse perdão por todas as vergonhosas asneiras que já disse (e, claro, que parasse de produzir diariamente outras tantas – como, por exemplo, defender a tal escola sem partido e ao mesmo tempo contraditoriamente tentar mudar a História, sugerindo adaptar livros de educação para sua ideologia)...

Torceria por este governo se os seus seguidores (S.S. - sigla de "seus seguidores", taokey?) admitissem - como alguns raríssimos conhecidos meus realmente já o fizeram, ainda que em off - : "cara, realmente, votei nesse cara, apesar do currículo e da inteligência no mínimo duvidosos dele, porque achava que não havia opções, achava que era o menos pior, para não deixar os comunistas (?) continuarem lá, para a criminalidade diminuir no país pois ele sem dúvida é um novo John Wayne tupiniquim que nos salvará dos malfeitores, para os aliens não invadirem o Brasil também (pois ele é um dos homens de preto, sem dúvida) etc... mas realmente, não posso admitir a defesa de determinadas posições anti-humanistas. É, não definitivamente não posso mesmo me permitir isso. Não posso entregar meu cérebro – e minha alma – assim de bandeja... por NENHUMA ideologia que não seja totalmente correta, em termos de honestidade e humanismo."

Torceria por este governo, se os S.S., que se emocionaram há tempos atrás com o drama dos índios (brazucas e norte-americanos, respectivamente) em "A Missão" e "Dança com Lobos", por exemplo, com o drama dos negros em "12 anos de escravidão", e dos gays em "Filadélfia", choraram com "A lista de Schindler", "O menino do pijama listrado" e "A vida é bela", e claro vibraram com o combate ao poder paralelo das milícias cariocas e suas influências no meio político e empresarial retratado em "Tropa de Elite 2", se dessem conta das suas contradições atuais e dissessem: não, realmente, não posso admitir tal tratamento de exclusão para certos grupos/povos/etnias tão sofridos (muito menos em prol de gente que quer por vezes simplesmente manter ou avançar mais um palmo de terra, para a compra de mais uma caminhonete último modelo...), nem a deturpação da História (ainda mais a História mundial!), nem dar meu aval indireto, relativizando a destruidora influência das famigeradas milícias urbanas - um mal que corrói todo o "sixtema" de maneira ainda pior que o tráfico de drogas, pois o corrói por dentro, prejudicando o trabalho dos bons agentes da lei.

Enfim, que seguissem o apoiando, okey, mas que deixassem de idolatrar a mediocridade (no sentido literal da palavra, de medianidade, taokey?), por vezes alçada, através do “humor” das "milícias sociais", provavelmente para sua própria surpresa, a salvadores da pátria (porra, nesse caso, Diogo Khan diz que ainda preferia o Sassá Mutema, então, caramba!... pois assim agradaríamos a gregos e troianos: um sujeito tosco no cargo mais alto do país e uma filha de militares – a professorinha Maitê – como primeira-dama; que tal?).

Porra, é pedir demais uma hora dessas um presidente de uma república do tamanho do Brasil com um mínimo de inteligência ("Ele sente-se poderoso, ele é um mito sem dizer nada, sem pensar nada. E ele foi incensado para isso. Sem esforço nenhum se tornou um líder depois de 28 anos de uma legislatura medíocre" - declaração do renomado jurista Miguel Reale Jr, que, claro, deve ser também "comunista"... apesar de ter sido um dos mais ativos propositores do impeachment de Dilma Rousseff), minimamente articulado (que, como diria um outro filósofo, não astrólogo, "quem não se comunica se trumbica"), que não entre em polêmicas desnecessárias, que não incentive o louvor a um tempo sombrio em que se dava choques em bebês e se espancava artistas em teatros (você que é fã da lendária atriz Marilia Pêra, por exemplo - ainda mais agora que ela já se foi, provavelmente - , sabia que ela chegou a ser despida e espancada em um camarim durante a ditadura? E também o foi o ator André Valli, o Visconde de Sabugosa do Síto do Pica-Pau Amarelo? Caramba, os caras bateram no Visconde de Sabugosa e você dá "vivas" para eles! Conforme documento da ONU referente ao assunto no Brasil de hoje, por sinal, "tentativas de revisar a História e justificar ou relevar graves violações de direitos humanos do passado devem ser claramente rejeitadas por todas as autoridades e pela sociedade como um todo...(...)comemorar o aniversário de um regime que trouxe tamanho sofrimento à população brasileira é imoral e inadmissível em uma sociedade baseada no Estado de Direito" - se tem algo contra esse trecho, proteste contra a comunista Organização das Nações Unidas, endereço: Nova York, USA, talkey?), que não seja adepto do totalitarismo, independente de esquerda e direita (o nosso atual, por exemplo, se dizia fã de Hugo Chavez, sabia? E tal qual o ex-presidente venezuelano, cogitava há pouco fazer como aquele, aumentar o número de ministros do STF - esse STF que você quer que seja dissolvido - , ele queria aumentar o número de ministros da casa - claro, passando a contar com o controle dela, através de sua grande quantidade de indicações...mas parece que a ideia, inacreditavelmente, "não pegou bem", assim como a ideia de unir Ministérios de Agricultura e Meio Ambiente, e transferir embaixada em Israel - bem, neste último caso, ficou de lambuja ao menos um "corajoso" desafio de um dos filhotes - nas "milícias sociais", claro - ao Hamas - porque, claro, tudo que precisamos hoje é uma guerra internacional contra outros extremistas, especialistas em bombas etc), disposto a governar para TODOS os conterrâneos, a apaziguar ânimos, a RESOLVER problemas, e não a CRIÁ-LOS, de forma boba, a todo momento, como um adolescente na internet? 
Ou teremos mesmo que sempre  aturar caricaturas e personagens no cargo mais alto do país?...

Ah, mas eles na verdade são nós, caro amigo... olhe ao redor: ele lá em cima é a sua voz – e cada vez que você ecoa essa voz, ela ganha mais força (e pensa menos – pois você isenta ele disso; você dá o seu apoio incondicional de torcedor).

Estranhos tempos, filosofa Diogo Khan: tempos em que, ao invés de seres humanos que fazem descobertas científicas e tecnológicas ,como o Professor Pardal, e trabalhos humanitários, por vezes voluntários, serem exaltados, o são grandes empresários, interessados muitas vezes unicamente na realidade em reproduzir a caixa-forte do Tio Patinhas (e que por vezes têm histórico de sonegação, evasão de divisas etc, enquanto pregam patriotismo com a camisa da Seleção - da Seleção de Patópolis?), por automaticamente gerarem empregos (sim, fator muito importante, sem dúvida, para um mínimo de bem-estar das pessoas e para a nossa economia girar e tal, quem seria maluco de dizer que não? – mas Diogo Khan, pobre idealista, ainda continuará idolatrando - além do finado Fernandão, é claro -  é quem trabalha, por vezes de maneira voluntária, como dito antes, para melhorar não meramente o salário (e não o próprio), mas as condições sociais em geral, culturais, de educação, das pessoas... como diria Belchior, cita ele: “... amar e mudar as coisas me interessa mais...”).

Tempos em que, ao invés de se ouvir a voz de pensadores e cientistas, portanto, se ouve a voz de astrólogos – e terraplanistas...
Enquanto isso, quando até velhos lobos (essa é uma daquelas metáforas, embora bem óbvia – creio eu) protestam, as ovelhinhas seguem na sua toada de manada, olhos fechados, induzidas a reproduzir um passado obscuro recauchutado como um presente de futuro... Prova de que o gado age como gado – sem iniciativa própria, seja para pensar ou para se movimentar, tendo sempre que ser "tocado" por alguém mais esperto – é que só nos últimos anos boa parte da população (inclusive classe média-alta, supostamente mais instruída) se revoltou contra o Molusco, o Luladrão, o Luizinho Nove Dedos, quando, já no longínquo 2005, era claríssimo o seu envolvimento no escândalo do mensalão e esse mesmo Diogo Khan - que apesar de vermelho não é uma ovelhinha cega - na época bradava indignado que o mesmo podia até estar melhorando as condições de vida da população mais pobre e o escambau (assim como admite algumas iniciativas razoáveis no governo de hoje, mais particularmente na área econômica), mas devia ser apeado de lá pois obviamente estava envolvido naquela maracutaia... e onde estava o gado então? Ah, mas a economia estava boa (aqueles empresários patriotas estavam ganhando bem, muito bem!) então não tinha ninguém para puxar a boiada... pobre exército de um homem só, Diogo Khan não tem $ (e nem "milícias sociais") para bancar revoluções - e também infelizmente não é jedi para mudar as coisas só com a força do pensamento (e mais infelizmente ainda também não tem um sabre de luz nas mãos - ah, como Diogo Khan queria um sabre de luz hoje em dia para enfrentar a "Primeira Ordem"*!)...

*Ver "Star Wars - O despertar da Força": a Primeira Ordem é uma ditadura militar autocrática, surgida das cinzas do Império, 30 anos após a saída de cena deste... (ah, sim: qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência, claro)

Ah, mas claro, no fundo é tudo um jogo de cena e o Diogo Khan só podia era estar defendendo esses "rebeldes", esses vagabundos vermelhos: humanista uma ova; ele é um patife comunista, não é mesmo!? É, é isso aí; e viva a Guerra Fria – em pleno Brasil de 2019!

Diogo Khan até gostaria mesmo de descer, mas só não pede para pararem o mundo, pois, óbvio, todo mundo sabe: o mundo não se move; a Terra, claro, é plana (Chupem essa, Copérnico, Galileu e turma de burros atrasados - e viva esse nosso genial Brasil "do futuro"!)