sexta-feira, 29 de maio de 2015

Qualé, Seu Carlos??? (A despedida do Sebo Café)


E, como se não bastasse, não é que temos mais uma vultuosa perda literária para a cidade?

Insensíveis aos apelos e lamentos de boa parte da comunidade santa-mariense - inclusive de alguns frequentadores mais desesperados - , o Seu Carlos e a Dona Simone estão de partida, com seu Sebo Café, gatos, e tudo mais, para o litoral paulista...

Esta sexta-feira, 29 de maio, marcou o último dia de funcionamento do local (estive lá e, embora o Sebo tivesse costumeiramente um bom público, impressionei-me com a quantidade de gente presente na simpática casa colorida da Floriano, o que me fez pensar que se você quiser vender bem na cidade uma boa tática talvez seja dizer que você vai embora... será que é jogada de marketing do Seu Carlos - pra não dizer uma pegadinha - e segunda-feira ainda os encontraremos por lá??).

Vão fazer falta, certamente.

Fazer o quê?
Segue o baile (ainda temos, do meu conhecimento, pensando assim de relance, o Sebo Fulô, perto das Dores, e aquele outro da Riachuelo - perdão, mas não lembro o nome agora; procurei no oráculo googliano e não achei essa informação... e quem tiver notícia de outros, por favor, coloque-nos a par!).

Boa sorte, Seu Carlos!, e, como homenagem de despedida, reproduzimos aqui abaixo então este post que havíamos publicado há uns dois anos no De Letra...


Bom, pra tentar amenizar a saudade que a Feira do Livro, com todo seu vuco-vuco e seus interessantes saldos e descontos, vai deixar aí a partir da próxima segunda, vamos aproveitar este espaço para destacar alguns locais nos quais podemos encontrar uma boa leitura e um ambiente aconchegante na nossa Santa Maria, começando hoje com o Sebo Café (não, infelizmente o seu Carlos não está nos pagando “jabá” nem nada assim), localizado na Floriano Peixoto, um pouco abaixo do Bar do Pingo (mais fácil de situar eventuais leitores pinguços).


Você, chegando pela calçada, vê aquela portinha com aquela escadariazinha estreita e a princípio pode acontecer de não dar nada pelo lugar (analisando - e viajando - um pouco agora, poder-se-ia dizer que há um quê de Alice de Carrol, com suas portinholas e por trás delas todo um universo fantástico, aí).  


Pois é a velha história: não julgar um livro pela capa (ainda mais em se tratando de um sebo!)... ao adentrar o recinto, você se perde em um incrivelmente longo corredor, em meio a um oceano de livros – e também CDs, vinis, VHS (para quem não sabe ou não lembra o que é, trata-se da “fita” com a qual se assistia filmes no videocassete, antes de essa ser substituída pelo cd... você não sabe o que é cd?? Bom, deixa pra lá)...
No local, funciona também o Clube dos Enxadristas de Santa Maria.

Quando lá me perdi uma tarde dessas, levei cerca de duas horas para me achar outra vez, e foi quando flagrei-me então diante do caixa com quatro livros em mãos (Os Duelistas, de Joseph Conrad; Armas no Cyrano´s, de Raymond Chandler; Nosso homem em Havana, de Graham Greene; e Teje preso, do Chico Anisio, alguns dos quais já “resenhados” aqui no blog e outros na fila), pelos quais acabei pagando razoáveis 40 barões...

Seu Carlos, que é o proprietário e não pode dar-se ao luxo de perder-se também por ali, adotou o sistema de organizar as obras por gênero e alfabeticamente, facilitando assim também a vida de quem busca títulos ou autores específicos.

Além do mais, o Sebo Café está também vinculado ao Estante Virtual, site através do qual se pode comprar usados por encomenda via internet.


Enfim, devidamente recomendado: um lugar agradável, despojado, onde se tem a possibilidade, em meio àquele infinito de livros, de se deparar com grandes clássicos ou alguma rara obra cult perdida ali pelo meio e por preços bastante interessantes – e, claro, se tomar um bom cafezinho, para, digamos, justificar o nome do local. Vale a visita (atualização: bem, para quem visitar Praia Grande, em SP, certamente continuará valendo!).