quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Política IV (por Juliano Lanius)

Li, em alguma página por aí, que “não há antídoto mais poderoso ou eficaz contra as aspirações de autocratas de todos os matizes” do que a democracia. Concordo, mas não plenamente.
            Infelizmente, os ditos autocratas ainda continuam perpetuando nas bancadas do poder, sem chance de que os mandantes do país sejam substituídos por aqueles com “sangue novo” correndo nas veias, com vontade real de exercer a democracia verdadeira. Somos, ainda, governados por “coronéis” de Estado, que pensam ser o dinheiro a base para uma governança coesa. Pois, enganam-se. Ou não. Se a questão financeira estivesse sendo pensada na forma de distribuição igualitária de recursos entre as classes, os políticos estariam enganados. Porém, como vemos hoje em dia, o poder é exercido por aqueles de castas mais abastadas, ou seja, a elite governamental do Brasil usa o nosso dinheiro em favor próprio. Portanto, estão corretos.
            Neste contexto, diminui o valor no repasse de verbas federais, pelo Fundo de Participação dos Municípios. Com a queda, 31 cidades da Região Centro tiveram que reduzir seus gastos. Em Santa Maria, houve redução de 43 CCs, no intuito de reduzir o ônus da gestão público-administrativa. É, o cinto apertou. Mas, honestamente, não sou a favor da demissão dos cargos de confiança, nem mesmo dos concursos públicos. Em tempos idos, minha opinião era contrária: a favor dos concursos de admissão pública. Porém, ao longo dos anos, e tendo experimentado servir como CC, mudei meu conceito.
            Atualmente, penso que os concursos públicos, da maneira como são concebidos, executados, mantidos e (não) fiscalizados, somente colaboram para o enfraquecimento da máquina pública e o esmorecimento dos ânimos de trabalho dentro das repartições. A atual situação do funcionalismo público brasileiro se encontra em caos. Os concursados, escondidos atrás de suas mesas e guichês, não contribuem muito para o bom andamento das burocracias do país. Sentem-se “donos do campinho”, mas não colaboram com o jogo, nem sequer fazem questão. Os CCs, por sua vez, encontram-se ligados a ideologias político-partidárias, pois ingressam na carreira pública através deste ou daquele candidato. Todas as suas ações devem ir ao encontro dos ideais de seu “padrinho”, mesmo que isso signifique ir de encontro aos interesses sociais do Brasil. Creio ser imprescindível uma reforma no sistema empregatício do serviço público brasileiro. A meritocracia deve permear toda e qualquer ação administrativa, tendo em vista a contemplação das necessidades do povo e a correta valorização dos funcionários públicos.

            Mas, nem tudo está perdido. Temos um sistema de participação popular, que “ouve” os cidadãos e os impele a escolher as prioridades de sua região. Na Região Central do RS, a segurança pública foi o tema mais votado pelos participantes do pleito, com mais de 39 mil votos, dos 46 mil votantes. Em segundo lugar, ficou a saúde. Atenção, governantes! Estes são pedidos populares, vindos de baixo, hierarquicamente falando. Sabemos que vocês estão acostumados a receberem os mandos e desmandos de escalões mais altos do poder, mas esta é a nossa voz clamando pelo suprimento de nossas necessidades básicas. Esperamos que nossa opinião seja levada em consideração. Já que foi lançado o movimento do Rio Grande do Sim, para mobilizar os gaúchos em torno de propostas de consenso para o desenvolvimento do Estado, eis as duas primeiras: segurança e saúde!

Nenhum comentário:

Postar um comentário