- Hmmm!! Hmmmm!!! – geme o sujeito, amarrado à cadeira e amordaçado, remexendo-se de um lado para o outro. Tem um olho roxo e um filete de sangue escorre da sua cabeça. Ele cheira mal. Muito mal.
Por
trás, mansamente, vem caminhando um outro sujeito, batendo ameaçadoramente com
um punho fechado na palma da outra mão repetidas vezes. Uma moça passa para
esse cara uma marreta, que ele colhe e de imediato a usa para golpear o joelho
do que está preso à cadeira.
-
HHHHHHMMMMMMMMMMMMMMM!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
-
Quem foi? Quem foi? Vai me dizer ou não?? – ele pergunta baixinho, aproximando
bem o rosto do outro, que continua com os olhos fechados, como ainda
processando a dor daquela pancada. Vem um outro soco na cara, que faz o sujeito
cair com cadeira e tudo no chão.
A
moça o recolhe e recoloca na posição anterior. O grandão volta à carga e dá um
bofete na orelha do sujeito, que começa a chorar.
-
Quem foi? Quem foi? – repete a pergunta o verdugo.
A
moça chega por trás e despeja um balde com um líquido com um conteúdo
indecifrável, com uma cor indistinta, e fedendo muito, sobre a cabeça da
vítima, que treme e volta a gemer apavorado. Logo, coberto com aquela gosma,
ele tem dificuldade até mesmo de respirar.
O
grandão dá umas duas voltas caminhando lenta e calmamente ao redor do coitado,
puxa um chicote e estala uma, duas, três vezes nas costas dele.
-
HMMMMMMMMMMMMMM!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
O
algoz suspira fundo. Coloca a mão no ombro da colega e fica olhando para o cara
na cadeira, quase não conseguindo distinguir seu rosto em meio àquele coquetel
de gosma, sangue e lágrimas. Ele puxa um tresoitão da cintura, engatilha o
trabuco, volta a se aproximar do outro e, encostando a arma na sua têmpora, pergunta
baixinho:
-
Quem foi? Quem foi? Me diz. Me diz. – e continua, aumentando o tom, indaga mais
duas vezes – Quem foi??... Hã? HÃ?? Quem foi que passou...
E
gritando e tirando na sequência a mordaça da boca do cara, conclui o
interrogatório:
–
... NA POOORRA da ENGENHARIA???????
Ao
que vem finalmente a confissão desesperada – FUI EU! FUI EU!! FUI EU!!!!!! –
seguida de um gemido e um choro convulsivo baixinho – Fui eeeeeuuuuuuuuu!...
– e o grandão larga então uma triunfal interjeição do tipo “UH!!” e
ergue os dois braços em pose de vitória, ainda empunhando o chicote e a
marreta, ao lado da moça que sorri com o balde na mão, sendo saudados com uma
estrondosa vibração pelos colegas que acompanhavam tudo agachados em círculo ao
redor.
-
PRÓXIMOOOO!... PRÓXIMO BIXOOO!!...
A produção esclarece que
nenhum bixo foi realmente maltratado na construção deste conto (mendigos e
indigentes foram utilizados nos trechos mais violentos).
De qualquer maneira, o
Ministério da Educação adverte: passar no vestibular às vezes pode ser
prejudicial à saúde.
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