domingo, 15 de setembro de 2013

Política III (por Juliano Lanius)


            Falemos um pouco sobre dívida. Especificamente a contraída pelo RS ao longo dos anos de sua história. Como somos residentes deste solo, o déficit orçamentário impacta nossa vida significativamente, pois são os nossos impostos que pagam o custo desta dívida. Claro, pois já não pagamos mais simplesmente o débito propriamente dito do Estado, mas os custos que este buraco financeiro demanda, como juros, taxas e transações bancárias. Fazendo uma simples conta, dividindo-se o valor total da dívida pelo número de habitantes do RS, temos a modesta cifra de 4,4 mil per capita. Ou seja, nossas crianças já nascem com cadastro nos órgãos de proteção ao crédito.

            Então, depois desta conta, podemos entender os porquês das faltas de assistências básicas como saúde, educação, segurança e transporte. Com tantos custos a serem pagos por causa da dívida, é improvável que sobre algum dinheiro para investimentos na melhoria da qualidade dos serviços prestados aos habitantes desta terra e, consequentemente, da sua qualidade de vida.

            Mas, ainda há esperanças. Ainda temos pessoas dispostas a lutar contra as “burlagens” cometidas por servidores mal intencionados, que se valem de certos privilégios empregatícios – que, diga-se de passagem, somente os empregos públicos oferecem – para obter ainda mais vantagens. No tocante a isso, soube-se que o prefeito de Lavras do Sul prestou queixa policial contra um médico, que deveria estar presente no posto de saúde, mas não estava. O doutor se encontrava em seu consultório particular, ganhando alguns dinheiros extras, enquanto aqueles que não possuem recursos financeiros para consultas particulares aguardavam atendimento sem a noção de que já deveriam ter sido atendidos. Como diz uma amiga: “O sistema é bom, o ruim são as pessoas”.

            Com o advento da tecnologia, somos bombardeados com informações das mais diversas, todos os dias, oriundas dos mais diferentes setores do país e do mundo. Muitas notícias nos agradam, outras não. Mas, mesmo assim, possuímos o filtro da escolha. Acessamos aquilo que nos é interessante, que vai de encontro aos nossos costumes e ideais.

Contudo, nunca é tarde para mudarmos o foco. E, com tanta informação flutuando por aí, existem aquelas que nos são vetadas. São guardadas a sete chaves, como segredos de estado, que é o que realmente são. Surgiu até uma lei de Acesso a Informação, em que os salários dos servidores públicos e suas prestações de conta com a comunidade deveriam ser expressos nos sítios eletrônicos municipais. Como constatamos, não é exatamente o que ocorre. As páginas municipais ainda são falhas e incompletas, divergindo das diretrizes estabelecidas pelo governo federal. Percebemos, neste momento, que quem estabelece as regras do jogo político brasileiro, também não as fiscaliza. Simplesmente as normas são estabelecidas, num sistema vertical de governança, sem levarem-se em consideração as peculiaridades de cada região.

Foi dito que as informações deveriam estar no site, e não estão. Então? Tudo na mesma, cada um faz aquilo que quer. Mas isso é uma questão de cultura. Ou quem sabe tradição, ou folclore. Não sei. Somente entendo que não somos acostumados a pedir explicações aos nossos governantes. Estes fazem e acontecem e fingimos nem ver. Ou, às vezes, nem entendemos o que se passa. Ou, outras vezes, não queremos entender. Escolha nossa, tudo na mesma.

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