sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Leituras em stand-by: "Ilíada", de Homero (por Diego T. Hahn)


Há algum tempo, comentei nesta mesma seção "Leituras em stand-by" sobre a minha interrupção da leitura (até hoje não retomada) da "Odisseia", de Homero.

Pois agora, embora por motivos diversos, a contemplada na coluna é a sua predecessora, a "Ilíada" (na verdade, a autoria de ambas as obras é atribuída a Homero, mas, para não termos que ficar nos referindo a elas como "a obra atribuída a Homero" e facilitar nossa vida, vamos admitir que ele seja mesmo o autor delas).


Como já descrito, a "Odisseia" trata da volta para casa - a ilha de Ítaca - do herói grego Ulisses (ou, no original, Odisseu, o que dá sentido ao título - ahá) após o término da Guerra de Troia. 

A "Ilíada", portanto, como já pode imaginar quem ainda não conhece o enredo, descreve os acontecidos exatamente da tal guerra, com seus Heitores, Paris e Aquiles da vida.


Mas se na "Odisseia" consegui navegar com muito prazer pelo mar Egeu até cerca de metade do livro, na "Ilíada" sequer consegui encontrar os tais personagens acima mencionados, pois travei já na segunda ou terceira página!


E a culpa aqui imputo ao estilo empregado no texto: ao contrário também da edição da "Odisseia", "traduzida" para a prosa, facilitando sua leitura, neste pocket da "Ilíada" (da Editora Martin Claret, e que chegou às minhas mãos numa permuta na Feira do Livro de Porto Alegre de alguns anos atrás), o texto permanece em formato poesia; mas não só, também sua linguagem é arcaica e de difícil entendimento (ao menos para um animal como este que aqui escreve), como demonstrarei, transcrevendo os primeiros trechos da trama aqui e agora:

"Canta-me, ó deusa, do Peleio Aquiles A ira tenaz, que, lutuosa aos Gregos, Verdes no Orco lançou mil fortes almas, Corpos de heróis a cães e abutres pasto: Lei foi de Jove, em rixa ao discordarem O de homens chefe e o Mirmidon divino. Nume há que os malquistasse? O que o Supremo Teve em Latona. Infenso um letal morbo No campo ateia; o povo perecia, Só porque o rei desacatara a Crises. Com ricos dons remir viera a filha Aos alados baixéis, nas mãos o cetro E a do certeiro Apolo ínfula sacra. Ora e aos irmãos potentes mais se humilha:“Atridas, vós Aqueus de fina greva, Raso o muro Priâmeo, assim regresso Vos dêem feliz do Olimpo os moradores! Peço a minha Criseida, eis seu resgate; Reverentes à prole do Tonante, Ao Longe-vibrador, soltai-me a filha.”Que, aceito o preço esplêndido, se acate O sacerdote murmuraram todos; Mas desprouve a Agamêmnon, que o doesta E expele duro: “Em cerco às naus bojudas Não me apareças mais, quer ouses, velho, Deter-te ou retornar; nem áureo cetro, Nem ínfula do deus quiçá te valha. Nunca a libertarei, té que envelheça Fora da pátria, em meu palácio de Argos A urdir-me teias e a compor meu leito. Sai, não me irrites, se te queres salvo.”Taciturno o ancião treme e obedece, Busca as do mar flutissonantes praias. Ao que pariu pulcrícoma Latona Afastando-se impreca: “Arcitenente, Ouve, Esminteu, que Tênedos enfreias, Crisa proteges e a divina Cila, Se de festões colguei teu santuário, Se de cabras e touros coxas pingues Te hei queimado, compraze-me os desejos, A tiros teus meu choro os Dânaos paguem."



Sacou?





Ah, sim, há no texto aqueles numerozinhos no alto das palavras, as tais notas do editor, com as respectivas explicações de termos e nomes na parte inferior das páginas, mas são tantas (praticamente um numerozinho a cada duas palavras, ou algo assim - há várias páginas nas quais as notas ocupam mais espaço que o texto principal em si), que ficaria simplesmente inviável ir parando o texto para lê-las.


Bom, se não posso então falar quase nada do livro, ao menos não por conhecimento próprio de causa, para encher linguiça aqui vou ao menos falar do tal filme aquele, "Troia", lançado alguns anos atrás e teoricamente baseado nessa obra de Homero...

Bem, o que dizer do filme?

Acho que não há nada a se dizer muito além de:



Cara... mas que bela porcaria!!



À época assisti no cinema e saí realmente deprimido da sala e não consigo até hoje compreender como alguém conseguiu achar aquilo um "filmaço"... 

O filme em si é muito fraco e, embora eu não tenha nada - além talvez de inveja - contra o Brad Pitt (até acho ele um bom ator e tal - sou fã do trabalho dele nos 12 Macacos e no Bastardos Inglórios,  por exemplo), a verdade é que não ajuda em nada aquele loirinho com aquela carinha bonitinha no papel do famigerado e temido Aquiles, pô!! (algo, aliás, como o - também bom ator, mas igualmente dissonante no contexto - Colin Farrell no papel de Alexandre, o Grande, naquele outro filme...)
Será que o diretor do filme também era cego como o Homero e não viu isso??

                    O filho de Tétis? O melhor dos Aqueus? Com essa pose??

Mas, repito, é só um detalhe a mais que colabora para emperrar a engrenagem, pois o filme como um todo, ao meu ver, não se ajuda (talvez o que sobre de interessante no fim das contas sejam algumas fotografias, algumas tomadas de batalhas e, ah, claro, a safadinha da Helena - por sinal a causa/pretexto pro pau comer - com sua beleza esfuziante - embora eu particularmente provavelmente não me prestasse a cruzar um oceano e nem enfrentar um monstruoso e sanguinário exército inimigo nem por uma daquelas), e, por mais difícil que seja a missão, se um dia me enfiarem uma arma na cabeça e, como condição para seguir vivendo, mandarem escolher entre essas duas opções, assistir de novo o dito filme ou tentar terminar de ler a irmã mais velha da "Odisseia", creio que aí sim, senhoras e senhores, finalmente darei um jeito de concluir a leitura de uma obra atribuída ao velho e bom Homero.


segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Pelos sebos da vida: Eu, Wolverine (por Diego T. Hahn)


Seguindo na minha atual onda revisionista das HQs que marcaram a infância, achei recentemente na Zona Franca Comics "Eu, Wolverine", mais uma revista paulada lá dos tempos de pirralho.


A história, de Chris Claremont e Frank Miller, havia saído no final dos anos 80 no Brasil em 4 volumes no formato "revistinha". 



Agora achei-a em um só compêndio, formato grande, com capa dura, e tal - alta produção, enfim. 

Muito justo com o nosso amigo das garras de adamantium...



Ainda não assisti o tal filme, mas me parece que a história serviu de base para o "Wolverine Imortal".



Na trama, Logan vai parar na Terra do Sol Nascente, atrás dum rabo de saia das antigas, e acaba arranjando encrenca com o pai da moça, que é um chefão mafioso fdp, bobo, feio e chato (com direito a dois antológicos duelos espada x garras - um deles, no início, no qual Wolverine leva uma senhora tunda de laço, e o outro, claro, o final - entre os dois), e uma gang de ninjas sedentos de sangue - a organização conhecida como "Tentáculo". 


Wolverine x Tentáculo


 Wolverine x O pai da sua noiva, no momento em que o padre pergunta "Se há alguém contra este casamento, manifeste-se agora ou cale-se para sempre"

É uma trama bastante simples (ao contrário de um outro Wolverine, mais atual, que adquiri recentemente, "Wolverine Max: Fúria Permanente", mais violento e também mais complexo, pra não dizer confuso) - a la "cavaleiro solitário" estawoodiano ou algo assim, com o forasteiro fodão que vai atrás da sua gata e enfrenta um chefão local e sua gang de malvados - , mas bastante eficaz.

                                             

Infelizmente, porém, me parece que numa daquelas situações nas quais o produtor não sabe quando parar - ou, vendo que o negócio rendeu, quer simplesmente dar mais uma $ugadinha - (tal qual o famigerado "O cavaleiro das trevas 2", por coincidência também do Frank Miller) no final dessa nova edição há uma história extra (felizmente, não lembro de tê-la lido, e provavelmente não tinha mesmo conhecimento dela quando do lançamento da série no final dos anos 80), que, na minha humilde concepção, é uma bela porcaria, na qual aparece o tal Samurai de Prata e não sei mais o quê, e o melhor, ao meu ver, é ignorá-la e ficar com o belo desfecho da história "principal", com (SPOILER, SPOILER, SPOILER!!) os X-Men recebendo nos EUA um convite do casamento do velho amigo lá no Japão - enviado pelo próprio Imperador - após Wolverine ter arrebentado todos os 54235664276 ninjas do Tentáculo e, de bônus, ter matado o pai da noiva e vivido feliz para... bem, feliz por mais uns dias (eu cheguei a comentar que tinha SPOILER aqui?).

SNIKT!!

sexta-feira, 18 de julho de 2014

Pra não dizer que não falei da Copa (por Diego T. Hahn)


Ainda aproveitando o clima da finada (creio que ainda estou em fase de negação: "não, não, não, não acredito que tenho que voltar a assistir partidas do Brasileirão!"), algumas derradeiras observações.

Bem, em primeiro lugar, uma observação extra-campo: 
Há até bem pouco tempo antes do evento, havia vultuosos protestos pelas ruas de nosso país contra a realização do mesmo (alguém lembra?)...
Pois o que me pergunto é: onde diabos foram parar aquelas montanhas ensandecidas de protestantes DURANTE os jogos???
Curiosamente, não li nem escutei nenhuma teoria da conspiração acusando o governo brasileiro, o PT, o PSDB, o governo americano, a CIA, o governo russo, ou alguma outra entidade ou organização de secretamente ter aniquilado todas aquelas pessoas e tê-las jogado numa vala ou no meio do oceano Pacífico - pra não dar na vista, pois no Atlântico seria muito fácil de se achar (por falar nisso, lembram do Amarildo???).

Mas, não. A minha teoria, de qualquer forma, é que os protestantes devem ter pensado "Ah, vamos dar um tempo nos protestos contra a Copa, ao menos durante a Copa... pra gente curtir uns joguinhos e tal... afinal ninguém é de ferro, não é mesmo!??" (sensacional, por sinal, a charge do artista Lúcio em um tradicional jornal santamariense, na qual se vê em destaque jogador alemão erguendo a taça e num canto um manifestante com cara de brabo e rosto coberto erguendo um cartaz com a inscrição "#não vai ter Olimpíadas").

Mas, enfim, a bola rolou... e muito mais:

Pescoções entre parceiros da mesma equipe (Camarões), gol da Alemanha na Seleção (?) Brasileira, sopapos entre atletas e comissão técnica da mesma equipe (Gana), outro gol alemão na Canarinho, bolada de um jogador que quebra o braço do parceiro de time (Nigéria), mais uma bucha teutônica nos nossos de amarelo, atleta (nascido na Transilvânia, naturalizado uruguaio) que morde adversário, Julio Cesar buscando mais uma bola na rede socada pelos prevalecidos comedores de chucrute, vitória da Costa Rica, não sei mais como descrever em outras palavras gol alemão no Brasil, classificação da Argélia, surra histórica sofrida pela então campeã no seu jogo de estreia, outra vitória da Costa Rica, surra histórica sofrida em casa pelo até então país do futebol numa espécie de reprodução esportiva das famosas blitzkriegs alemãs da Segunda Guerra Mundial...

Também teve show de artes cênicas dos atletas tupiniquins nos telões dos estádios e nas entrevistas pós-jogo (e do nosso técnico nos comerciais de barbeador, bebidas, telefonia celular, automóveis, supermercados, entre outros): expressões sofridas, lágrimas e declarações "emocionantes"... 
Mas não sejamos cínicos: os caras estavam REALMENTE emocionados ao entrar em campo e especialmente ao ouvir o hino nacional. Lágrimas verdadeiras vertiam daqueles olhos, enquanto berravam alucinadamente que “um filho teu não foge à luta”...

Bem, só podia dar no que deu, com um time que entra em campo já chorando, não é mesmo!?

Por outro lado, gosto da Alemanha, que não chora em vão. 
Admiro o país em si. Um país que se reergueu e se reconstruiu duas vezes, após ser arrasado, sem que restasse pedra sobre pedra, nessas duas ocasiões, e conseguiu voltar a ser uma das maiores potências mundiais, em todos os sentidos. Um país que reconheceu e pede perdão até hoje pelos maiores (e mais monstruosos) erros cometidos em seu nome na História. E sou fã também da seleção de futebol alemã, com seu histórico competitivo - quase sempre está nas semifinais em Copa do Mundo, e agora já se igualou à Itália em conquistas e está a somente um título de se juntar ao Brasil no topo. Mas no fim das contas já tava demais também toda a babação em cima de Schweinsteiger* e cia! "Os reis da simpatia". "Exemplo de organização no futebol". "Frieza". "Caráter". "Humildade". "Dedicação". "Ética". "Concentração".

Estaria aí o tal Super-Homem do Niesztche**?

Pois como diria um velho amigo meu, quando alguém começava a elogiar demais um outro alguém: "Dá o c* pra ele, então!".

É isso aí, Sansa; igualmente detesto unanimidades!!

Mas o que o técnico alemão provou, mas provou mesmo, nessa campanha durante o Mundial foi o que os Mamonas já enfatizavam há cerca de 20 anos atrás: 

Comer tatu é bom (ainda mais que quem ficou com a dor nas costas foi o nosso maior craque...).

Bem, pra finalizar, do tal legado que vai ficar não tenho bem certeza (lesados, de alguma maneira, certamente), mas, talvez além da questão de alguma coisa em termos de infraestrutura e, vá lá, comportamento – assimilado, se não por observação, por osmose, que seja – em estádios e arredores – quem sabe um pouco além também – da maioria dos torcedores estrangeiros, esperemos que a surra que levamos em casa, e nem vou falar daquela em campo, que já foi exaustivamente debatida, mas sim a do quesito "cantos da torcida", quando fomos ofuscados por mexicanos, chilenos, argentinos (o maldito "Brasil, decime que se siente" grudou na minha cabeça por umas duas semanas!!! Putz, olha aí: já voltou! Sacanagem dos hermanos; Creedence é covardia!), entre outros, nos inspire a procurar alternativas ao insuportável "eeeeeuuu... sou brasileeeeeeeeeiiiroooo... com muito orgulhoooooooo... com muito amooooooorrrr..." (Cara, Inter e Grêmio cantavam essa porra nos malditos anos 90 -  só adaptando claro, com “sou coloraaaaaaadooooooo” ou “sou tricolooooooooorrrr” – e já me enchiam o saco pra %#)%&¨@!! – como dá pra ver pela quantidade de palavrões que usei neste último trecho do texto)

Ah, e o principal legado, claro:

Que fique um pouquinho do futebol apresentado por Messi, Robben, Benzema, Muller e cia, no Beira-Rio, pô.


* Curiosamente o word sublinha em vermelho o nome do cara. Ainda não é um verbete oficial em dicionários e words??? Como não?? Ainda não existe o verbo "schweinsteigear"? Ou fui eu que errei? Faltou algum "w" aí?? De qualquer forma, não me prestei a ir pesquisar pra ver se havia escrito corretamente mesmo. Mas sei escrever corretamente, por exemplo, Frankenstein. E Einstein. Schwarzenegger. Schopenhauer.

**Também não fui conferir se faltou um ou dois "z"s ou algo assim. Mas, com certeza, sei escrever Kant. E Schopenhauer - ôpa, olha ele aí de novo! 
É, eu sabia que, de alguma maneira, isso tudo tinha mais a ver era com filosofia e não com futebol...



terça-feira, 24 de junho de 2014

Em ritmo de Copa: "O artilheiro filósofo" (por Diego T. Hahn)


Bueno, em tempos de Copa do Mundo, o De Letra também entra em campo. Nos próximos dias vamos publicar aqui alguns textos inspirados no mundo futebolístico, começando por este, que faz parte do recém-lançado "Histórias reais de amigos imaginários (e vice-versa)".



Augusto era centroavante e ídolo maior da torcida do Vinte e Nove de Setembro. Anos de clube, um dos maiores artilheiros de sua história, a torcida realmente o adorava. Quando o Vinte e Nove subiu da segunda para a primeira divisão e aumentou a capacidade do seu estádio a torcida passou a comparecer em maior número, o time começou a aparecer mais na televisão e Augusto passou a ganhar destaque em nível nacional. Muito por seus inúmeros gols, que continuava marcando freneticamente, é verdade, mas certamente ainda mais por aquelas famigeradas entrevistas que concedia antes do início, no intervalo e no término das partidas.

 

- E aí, Augusto? O que você espera para o jogo de hoje?  
 
- Bom... a gente vai procurar fazer o que o professor pediu a semana inteira... estamos focados e...
 
- E aí, Augusto? E esse empate aí? Ficou de bom tamanho?
- Ah, a gente procurou fazer o que o professor pediu a semana inteira... estávamos focados e...
Ele procurava seguir sempre aquela fórmula. "Focados". "Semana". "Professor". Eram termos que costumeiramente recheavam aquele seu discurso típico de boleiro. E os repórteres e os telespectadores se esbaldavam com aquilo. Tanto que logo começaram a espocar sátiras a respeito e Augusto acabou por tornar-se mesmo um personagem cômico popular na televisão brasileira.
- E aí, Augusto? O que você acha da política econômica do nosso governo?

- Bom... acho que o pessoal da equipe econômica tá procurando fazer o que o professor presidente da república pediu... eles me parecem bastante focados e... 
 
- O que você achou do filme, Augusto?

- Olha, o elenco procurou fazer o que o professor diretor pediu... e estavam bem focados... ao meu ver, ao menos, a imagem não estava fora de foco e... – eram alguns dos esquetes humorísticos que parodiavam o artilheiro. Ele começava a ficar incomodado, mas seguia metendo seus gols e tentando demonstrar indiferença.

Um certo dia, no entanto, ao final de uma partida na qual havia marcado dois – o segundo, um golaço na gaveta – , um repórter lhe perguntou:
 
- E aí, Augusto? E aquele chutaço, lá onde dorme a coruja?

O jogador ficou em silêncio por alguns instantes. Olhou para o gramado, pensativo, franziu a testa e em seguida rebateu:

- Mas por que se diz "lá onde dorme a coruja" se a bola, no caso de tal lance, entra exatamente embaixo do travessão, e a coruja teoricamente dormiria sobre ele? Não seria mais apropriado se dizer então "lá onde dorme o morcego", já que este tem o costume de dormir de cabeça para baixo, e, ele sim, poderia estar efetivamente ocupando durante seu sono aquele espaço em específico onde a bola entrou?

 
O repórter arregalou os olhos, estarrecido, bradou um "Uau!", e a verdade é que não conseguiu seguir com a entrevista; agradeceu velozmente ao artilheiro e saiu correndo, comunicando-se intensamente via rádio com a produção do programa esportivo para o qual trabalhava.

No dia seguinte era só do que se falava: que diabos significava aquilo? Haveria acabado a era do foco e do professor?

Quando ao término da partida seguinte, após perguntado durante a tradicional entrevista sobre o resultado
de empate, Augusto respondeu que "tudo é relativo nessa vida... até mesmo a relatividade", começava a consolidar aquela sua nova fase. Os repórteres, porém, não entenderam a resposta e ele continuou:

- O que percebemos são ideias... não coisas em si.

- Como assim, Augusto?

- Uma coisa em si deve estar fora da experiência...

Os repórteres continuavam olhando-o, boquiabertos. Compenetrado, ele prosseguia naquela kantilena:

- Então, o mundo consiste apenas em ideias... e mentes que percebem essas ideias.

E concluía:

- Ou seja: uma coisa só existe na medida em que ela percebe ou é percebida.

 
Pronto. A partir do dia seguinte Augusto tinha virado "o artilheiro filósofo".

Os programas, sem perder tempo, passam então a explorar esse novo personagem:

- E aí, Augusto? Muita marcação da parte do adversário sobre você, não?

- O homem nasce livre e por toda parte encontra-se acorrentado, vocês sabem...

- E aí, Augusto? Como foi aquela furada dentro da área?

- Tudo que vemos é uma representação nossa da realidade... talvez a furada que você supostamente viu tenha sido na realidade uma grande jogada, um golaço de bicicleta... ou não.

Aquilo começou a realmente irritar o camisa nove. Primeiro eram aquelas piadinhas com as frases de boleiro... agora implicavam também com a sua filosofia?

Para completar, começou a circular o boato de que ele, então mais refinado, tinha também enjoado de pagode e pegado gosto por música clássica: no vestiário, antes de entrar em campo, ficava curtindo Chopin e Beethoven. Verdade ou não, com o tempo, o clube passou a colocar esses e outros clássicos a tocar no sistema de som do estádio antes do time entrar em campo. Assim, às primeiras notas da Nona Sinfonia, por exemplo, a torcida se exaltava e, dizia-se, estava criado um clima hostil para os adversários, que chegavam mesmo a tremer de pavor diante daquele cenário quase surrealista.

 
Augusto passara a odiar definitivamente tudo aquilo. Mas seguia metendo seus gols. Tanto que um belo dia acabou sendo negociado com o futebol europeu por uma banana de dinheiro.

A notícia caiu como uma bomba na cidade. Foi um tremendo choque para a torcida – e obviamente também para os repórteres e humoristas.

 
Era uma lenda que partia. Uma era que se acabava.

Augusto se foi e seguiu marcando seus gols na Europa. Ficou lá por dois anos, uma temporada na Itália – onde inclusive era chamado de Augustus, em menção ao primeiro imperador romano; os italianos têm esse costume de apelidar jogadores com o título ou nome de imperador – e outra na França... até que o Vinte e Nove de Setembro, numa empreitada ousada que contou com a ajuda de um pool de empresários simpatizantes do time, conseguiu repatriá-lo.

A torcida, maravilhada, entrou em êxtase com a boa nova.

Como não poderia deixar de ser, igualmente a mídia. A televisão chegou a cobrir seu desembarque no Brasil ao vivo.

 
No dia da sua reestreia, espocou Ode to Joy no sistema de som do estádio do Vinte e Nove antes do início da partida e a torcida foi ao delírio.


Ao entrar em campo troteando, Augusto foi cercado por uma multidão de repórteres. Todos queriam ouvir sua primeira declaração após o retorno. O que viria? Foco e professor? Nietzsche? Alguma declaração em francês, italiano ou mesmo latim, línguas que se dizia que ele dominava após aquela passagem pela Europa?


- E aí, Augusto? O que espera dessa nova...

 
Ele, porém, não deixou o repórter terminar a pergunta e, sem olhar para o lado, emendou de primeira, como o artilheiro que era:
 
- VAI TOMÁ NO CU!!!

 
E passou correndo para o campo, onde seguiu metendo seus gols, que era o que sabia mesmo fazer.

 

segunda-feira, 2 de junho de 2014

Pelos sebos da vida: "Monsenhor Quixote", de Graham Greene (por Diego T. Hahn)


Já estava há horas em dívida com o mestre Graham Greene (desde que li há uns dois anos o ótimo “Nosso homem em Havana”), mas foi bom ter esperado um pouco antes de homenageá-lo aqui: pois eis que encontro no sebo da Floriano, entre páginas meio amareladas e carcomidas e capa um tanto quanto cafona, este pequeno tesouro.

Olhando para ele de relance, em meio a um mar de livros, realmente você não dá nada por Monsenhor Quixote.
Uma versão mais legalzinha da capa

Quer dizer, não dá nada se não for um conhecedor de Greene...

Por falar no homi,  a melhor definição que já li a seu respeito é a seguinte: “Greene é o cara que conseguiu aliar a literatura de diversão com a boa literatura”.
       Não confundir com o simpático ator de traços indígenas, homônimo do escritor em questão


Impossível não se divertir com sua leitura que flui, aparentemente leve, mas com tramas bem construídas  - e, sim, com conteúdo (particularmente, seu estilo me lembra bastante o do L. F. Veríssimo dos tempos das Comédias da vida privada...).
Neste livro, Greene conta a história do padre de um pequeno vilarejo na região de La Mancha, na Espanha, terra do lendário personagem de Cervantes (diz-se que Greene era um fervoroso fã da obra-prima do espanhol e quis fazer uma pequena homenagem a ele – e, como também fã do Cavaleiro da Triste Figura, provavelmente este texto é o mais próximo que vou chegar de me atrever a resenhá-lo).

Reza a lenda no povoado que o padre é descendente do Dom, o que confunde alguns outros personagens durante o desenrolar da história: mas como, se Dom Quixote é um personagem fictício?
Seja como for, devido a uma sequência de curiosos episódios, o padre acaba partindo em uma viagem com um ex-prefeito comunista da cidade (para completar o "quadro", no decorrer da viagem o padre passa a chamá-lo de Sancho). Duas personalidades tão distintas, mas que inevitavelmente começam a estreitar laços durante essa jornada, ainda que à custa de muito embate ideológico – o ex-prefeito, por exemplo, nega a existência de Deus, enquanto o padre por sua vez defende que a salvação está no Senhor e contesta os métodos empregados pelos comunistas no poder, como Stálin, só para dar uma ideia do conteúdo que permeia boa parte da obra.
Sem dúvida, a viagem em si, com todos os seus percalços, é divertidíssima (hilário, por exemplo, o trecho em que o padre se encanta com a extrema simpatia das moças da hospedagem onde chegam em determinada cidade, sem a princípio dar-se conta do tipo de empreendimento no qual o ex-prefeito o faria passar a noite), mas o ponto forte da obra talvez sejam realmente os diálogos entre os dois personagens principais e, na particular opinião deste que aqui escreve, o seu emocionante final – o qual, se poderia ser um exagero dizer que é um dos melhores que já li, certamente incluo entre meus favoritos.

segunda-feira, 26 de maio de 2014

Apelo aos internautas (por Diego T. Hahn)

(Por razões que a vida moderna e o mundo ao redor me oferecem cotidianamente, sinto-me impelido a reprisar este texto aqui no blog - e creio que o farei daqui a mais um tempo de novo e de novo e de novo)

Este texto, gostaria de deixar claro desde o princípio, é completamente despojado de qualquer ínfima pretensão literária. Está sendo simplesmente “vomitado” mesmo, pouco se atentando à sua forma, ao seu estilo, etc... talvez fique meio deslocado aqui, tendo-se em mente o intuito principal do blog, mas é uma questão tão somente de aproveitar este espaço para “utilidade pública” (agora sim, não literário, mas eis um toque de pretensão!). Ou tão somente para um solitário desabafo mesmo.

Enfim... venho por meio deste texto fazer um apelo a todos vocês, meus caros amigos internautas.

 Bem, o caso é que esta nossa velha e boa internet, esta imensa rede na qual flutuamos (e muitas vezes flatulamos) hoje em dia, essa dimensão paralela na qual vagamos diaria e meio distraidamente, bem sabemos tem lá seus prós e contras, e, como se diz, tudo depende do modo como fazemos uso dessa ferramenta – e blá blá blá...

Pois, eis a questão que tem me incomodado bastante, que tanto me intriga, e que quero partilhar aqui:
Com tantas maravilhas à nossa disposição, por que diabos insistimos em fazer um uso tão precário desse universo de possibilidades???

Se por um lado, sendo extremo, poderia citar, por exemplo, o norte-americano Nicholas Carr que sugere em seu livro “A geração superficial: o que a internet está fazendo com nossos cérebros” que devido à maneira como obtemos a informação na internet, estamos ficando ainda mais burros, pela superficialidade das mesmas, assim tornando essa ferramenta uma faca de dois gumes, ao menos temos hoje acesso a mais informação e a questão que abordo aqui não é nem essa superficialidade em si, mas o fato de o pessoal IGNORAR até mesmo essa informação, ainda que superficial, em detrimento a outras “informações” - essas, além de superficiais, simplesmente inúteis, fúteis ou maldosas.

Somos – falo aqui por nós, brasileiros – um povo atrasado, culturalmente, politicamente, historicamente, em termos de educação, etc, em relação a outros povos mais “desenvolvidos” – como, digamos, só para exemplificar, a maioria dos povos europeus.

Sem babação de ovo e pagação de pau; isso é um fato. É uma questão que também diz respeito, claro, à idade de um povo, seu tempo de existência mesmo...

Pois a internet coloca à nossa disposição a possibilidade de encurtarmos centenas – ou até mesmo milhares – de anos de distância e equilibrarmos um pouco essa balança! Temos quase tudo ali.

Claro, nem precisaria dizer que é necessário se saber selecionar, “filtrar”, a informação desejada, mas ok!, aproveito (como diria Paulo Freire, "é óbvio; mas o óbvio às vezes também precisa ser dito", ou algo assim; vá pesquisar pra ver se ele disse mesmo isso) e – que conste dos autos – acabo de fazê-lo.

Pois dito isso, repito: temos um mundo de informações ao alcance de um clique, informações que perdemos nos tempos de colégio quando queríamos mais era bagunçar no fundão ou jogar bola, quando na adolescência estávamos mais preocupados em namorar, festejar e seguir jogando bola ou assistindo o jogo de bola, ou fazendo outras mil coisas mais divertidas à época – e outras não tão divertidas na sequência da vida, como, por exemplo, trabalhar – e, ok, era assim que devia ser!, foi realmente divertido, valeu, e provavelmente faríamos do mesmo jeito de novo se pudéssemos voltar atrás e escolher – e não quero pregar o fim da nossa diversão; não, por favor!, obviamente não vamos deixar de fazer nada do que gostamos – ou do que efetivamente precisamos, como trabalhar – e vamos continuar normalmente namorando e jogando bola e assistindo ao jogo de bola, e também trabalhando e fazendo todas as nossas outras coisas de gente grande, enfim...

Mas o caso é que hoje podemos recuperar todo aquele tempo perdido!! Basta flagrarmo-nos – o que, bem, na verdade, já não é fácil, afinal, como bem mostra, aliás, a própria internet, atualmente somos todos gênios e temos tanto a dizer – dessa nossa ignorância e desinformação. Um pouco de humildade, portanto – outro artigo raro no mercado. E, claro, vontade. Vontade de aprender, vontade de evoluir. É, não é fácil: noção da própria ignorância, humildade, vontade... por isso este apelo desesperado. Pois no mais, acesso às informações, ao menos acesso àquelas informações que circulam na internet hoje em dia quase todo mundo tem.

Informações as quais, sem acesso à rede, teríamos que garimpá-las gastando enormes somas em livros, deslocando-nos a bibliotecas, correndo – literalmente – atrás... pois agora está tudo ali, na nossa frente: história, geografia, política, filosofia, religião, física, medicina, tudo prontinho, explicado, reexplicado, uma versão, duas, três, a oficial, a não-oficial, tudo...

Pois aqui vem o meu apelo: Por favor, FAÇAMOS MELHOR USO DESSA FERRAMENTA, PORRA!!!

Aproveitemos para correr atrás e nos informarmos!! Ler. LER mais! Se não nos livros, na tela do pc mesmo – tem quem prefira assim hoje em dia... enfim... pois então façamos assim. Mas façamos.

LER. LER. LER!!

Estudar! E não só a gurizada lá do colégio. Também nós. “Velhos”. Adultos. Leiamos. Informemo-nos. Não aceitemos o que nos dão mastigado. Contestemos. Não aceitemos o que a mídia tradicional nos mostra no telejornal ou no diário em papel... não aceitemos o que os filmes (e séries, e livros) hollywoodianos tentam nos empurrar goela abaixo...

Leiamos. Estudemos. Informemo-nos.

Repito: é um apelo desesperado!! 

Sim, pois me desespera ver toda essa informação hoje ao nosso dispor e a nossa gente ignorando-a solenemente, fazendo esfumaçar três ou quatro horas dos seus dias – todos os dias – bisbilhotando a vida alheia em alguma rede social e continuando sem saber os porquês das coisas que realmente importam neste complexo mundo no qual vivemos – não que a internet vá fazer isso por nós, mas talvez já nos ajude a ao menos sair da “estaca zero”, na qual a maioria de nós se encontra...

Sim, sei que isso tudo talvez tenha a ver simplesmente com “pensar grande”, “pensar pequeno” – e não me refiro aqui a “ter sucesso”, ter dinheiro, ter poder, etc (embora, claro, não se possa ignorar completamente essa relação...) – e talvez seja impossível incutir o “pensar grande” para quem vive numa redoma de vidro, dentro de uma espécie de Big Brother ou “Show de Truman” da vida. Provavelmente eu mesmo, que estou aqui bradando tudo isso, esteja dentro dessa redoma também... mas creio que, humildemente, treinando pouco a pouco os olhos, começo a enxergar, ainda que meio embaçado, algo lá fora.

E, de qualquer modo, eu brado, mesmo que eu esteja condenado a viver aqui dentro, brado para talvez mexer com os brios de alguém com um potencial maior, alguém que consiga fugir dessa nossa prisão e quem sabe volte um dia para nos salvar: informemo-nos para sabermos ao menos por que cargas d´água estamos indo para uma mobilização na rua, por exemplo, pelo que efetivamente estamos protestando, e não corramos o risco de virar massa de manobra, e um dia talvez no futuro, com caras de bobos, dizermos “ah...”, concluindo que não era nada daquilo que pensávamos – ou não pensávamos, mas tinham nos dito – e nos arrependermos.

Enfim, é tudo que peço a você, amigo internauta.

(Agora, ok, pode voltar pro seu game – cuidado! Um inimigo atrás de você!! Olha aí; não diga que eu não sou amigo e não avisei – ou pra sua rede social pra fuçar a vida da Suzimara da esquina – aquela vagabunda!...)


 

sexta-feira, 16 de maio de 2014

"Cotidiano Crônico" e "Obras Encolhidas 2" (por Diomar Konrad)


Bom, entre outras coisas boas com as quais topamos pela Feira, tivemos o prazer de encontrar Cotidiano crônico, coletânea de crônicas do amigo Diomar Konrad, prontamente adquirida.

O Diomar, pra quem não conhece, é um daqueles caras com um humor e jeito de expressá-lo que a gente acaba nunca sabendo se ele está falando sério ou nos sacaneando - e receio que na maioria das vezes ocorra mesmo a segunda opção...

Na primeira e ótima crônica desse livro, Bibliografias, porém, ele sacaneia é o "sistema", como diria o Capitão Nascimento, e começa assim:

"Segundo fulano de tal, complementado por sicrano e outros, minha opinião não vale muita coisa. Sim, estamos no mundo científico, onde tudo o que for escrito ou dito necessita da bibliografia, essa entidade poderosa que torna todo trabalho glamouroso. Eu não posso dizer nada que é meu porque ainda não tenho ideias, só vou ter depois de famoso."

e por aí vai, nessa sua velha e boa toada irônica e crítica.

E aproveitando a deixa, publicamos aqui mais uma saraivada de frases-pensamentos do Diomar de outra obra sua, Obras Encolhidas 2 (para otimizar o espaço aqui, apesar de as crônicas não serem tão longas, e também porque já havíamos publicado alguns petardos do primeiro Obra Encolhidas no pequeno link aqui https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=6933832815028685316#editor/target=post;postID=6390931706306552428;onPublishedMenu=posts;onClosedMenu=posts;postNum=29;src=postname 
e prometido mais uns do segundo). Pois ei-los:

"Os engodos são os bárbaros modernos";

"Para os freudianos, não há voto consciente";

"Casamento não é prisão. Mas já significa amizade com o carcereiro";

"Antes de ensinar, a escola domestica. Você precisa estudar para poder ser explorado, pois até isso exige certo nível de conhecimento";

"Quem perdeu a identidade, na pós-modernidade, pode fazer uma segunda via";

"Todo mundo que namora tem um arroz. É aquela pessoa que se finge de amigo, mas quer ficar com seu par. Em alguns casos, eles são integrais, ficam o tempo todo azarando."

E, pra fechar com chave de ouro, esta fantástica, que consta da contracapa:

"Uma reunião é um agrupamento de pessoas que estão juntas para decidir alguma coisa, nem que seja a data da próxima reunião."


terça-feira, 13 de maio de 2014

3 Poetas em 1 Opúsculo


E, bem, finda a Feira do Livro de Santa Maria 2014, e feita a análise dos espólios, vou destacar aqui alguns achados em meio à função.

Um deles é a obra "3 Poetas em 1 Opúsculo", dos poetas José Kmargo, Valério Rocha e Gilson "O incompreendido".


Uma obra curta - são apenas 4 páginas -, porém com uma bela e caprichada produção, e alguns divertidos-românticos-filosóficos poemas, entre os quais destacaria os seguintes:


Alegria Orgânica
(Valério Rocha)

O que prometem
Estas plantações
Incrustradas nos dentes?
A fartura da colheita
de legumes gargalhantes?
Ou antes:
A claridade marfim
De uma agre ecológica
Felicidade cintilante.


Retrovisor
(Valério Rocha)

Contas de vidro
Não conta cigana
Não engana
Nem vejo no espelho
A vida que tinhas em mim
Resto de um vício
No chão dessa sala
Rasga o contrato
O trato com minha sibila
As almas visíveis em seda
Atrás de cortinas.
Não mais se atina
Não mais nos repara
Apenas refletem no olho
A imagem de dois indivíduos
Que o tempo deixou para trás.


Mitológica
(3 Poetas)

Mulher-medusa
Por teu olhar
Fiquei estátua de pedra na praça
Com os pardais cagando em cima.


Nota-desafio do blog: E agora, sem consultar os googles da vida, o amigo leitor saberia por acaso dizer o que significa "Opúsculo"?


quinta-feira, 1 de maio de 2014

Mais um trio de bons eventos na Feira do Livro de Santa Maria e imediações


Nos próximos dias mais alguns bons eventos vão continuar movimentando a Feira do Livro e imediações da mesma.

Já devidamente citado em post anterior - mas nunca é demais, não é mesmo!? - o grande momento, centro do Universo do Cosmos da Feira: 
o lançamento do nosso "Histórias reais de amigos imaginários (e vice-versa)", neste domingo, dia 04 de maio, a partir das 17 horas.


                                                                Uma das capas experimentais do livro

Antes disso, uma interessante proposta vai rolar na Athena Livraria: após um debate e sessão de autógrafos, um bando de nove malucos escritores vai ficar enclausurado na madrugada de sábado para domingo no local, com o intuito de aproveitar a inspiração da calada da noite e liberar uma nova fornada de contos de suspense e terror. O evento, batizado como "Uma noite alucinante", é inspirado na famosa história da criação do livro Frankenstein, quando Mary Shelley, sua autora, o concebeu exatamente numa reunião de entusiastas da literatura passada na mansão do amigo poeta Lord Byron em uma madrugada de raios e trovões.



E na segunda-feira, dia 05, acontece mais um Trocadilho, a partir das 20 horas, no Café Cristal.




O Trocadilho (ou seria "Trocatílio"? - irresistível, aproveitando o nome do amigo organizador do evento, Atílio Alencar, disparar este trocadilho em cima do trocadilho do Trocadilho! :) ocorre mensalmente no Café e a proposta do evento é a troca de livros - e de ideias, entre amantes da literatura... ou só de cerveja, mesmo.

Nesta edição, o Trocadilho está em parceria com o Circuito Elétrico, que é, desde 2008, o projeto com programação noturna paralela à Feira do Livro.

Pois nesta segunda, algumas atrações a mais do Trocadilho serão a exposição de poemas visuais e o sorteio do livro "Poética", de Ana Cristina Cesar.


Que trio, hein!??

Levanta a bunda do sofá e prestigia lá, pô!!


quinta-feira, 24 de abril de 2014

Encontro de Escritores do MERCOSUL e Feira do Livro de Santa Maria


Nos próximos dias, dois eventos prometem dar uma movimentada na cena cultural - mais especificamente literária - de Santa Maria:

São o V Congresso Internacional de Educação Intercultural e Literatura Contemporânea, que engloba o VIII Encontro de Escritores do MERCOSUL mencionado no título deste post, e a Feira do Livro de Santa Maria.


 

O primeiro ocorre de 2 a 4 de maio; a Feira, de 26 de abril a 11 de maio.
 

 
Banner da Feira, que este ano, com o intuito de aproximar o público jovem, tem o tema "Tatuagem como forma de expressão".


Aqui um link com outras informações e a programação completa do Congresso:

http://www.escritoresdomercosul.org/p/programacao.html

 
 


E aqui o link com a programação da Feira:

https://www.santamaria.rs.gov.br/index.php?secao=noticias&id=8196&pchave=feira%20do%20livro


Com destaque mais uma vez, claro, entre outras atrações, para o lançamento do nosso "Histórias reais de amigos imaginários (e vice-versa)", no domingo, 4 de maio!
 



E, antes disso, na próxima segunda-feira, dia 28 de abril, outro evento interessante na programação é o encontro do Clube de Leitura Companhia de Papel, no palco principal da Feira, a partir das 19 horas, quando será debatido (o debate é aberto ao público) o livro "A fera na selva", de Henry James.
 


sábado, 19 de abril de 2014

Garcia Marquez

Impossível deixar de fazer esta menção aqui como uma pequena homenagem ao mestre colombiano que se foi - e que particularmente considero mesmo um dos caras que me ensinou a ler e a escrever nesta vida (ok, obrigado também a Tia Maninha lá do jardim de infância!, mas obviamente falo aqui de algo diferente...).

Isso levando-se em conta que até hoje tive o prazer de "degustar" somente dois de seus clássicos: Cem anos de solidão e O amor nos tempos do cólera (este tem inclusive uma humilde resenha, por assim dizer, aqui no blog: http://deletradj.blogspot.com.br/2013/06/pelos-sebos-da-vida-o-amor-nos-tempos.html).
Porém, assim como George Orwell, com seus 1984 e A revolução dos bichos, conseguiu colocar os dois no meu seleto top 10 (ah, ok, outra hora discorro mais sobre essa lista), e tornou-se também um dos meus autores internacionais favoritos, ao lado do próprio inglês, de um outro bretão, Graham Greene, do americano Hunther S. Thompson (este conseguiu a "proeza" com um só livro, o famigerado Medo e delírio em Las Vegas), e do alemão Herman Hesse.

Seja como for, como mencionei em outro texto de despedida há pouco tempo aqui no blog, é engraçado esse sentimento de profundo pesar quando se vão determinadas pessoas que admiramos mas nem conhecemos pessoalmente, as quais sequer vimos in loco ou com as quais sequer conversamos - ao menos no sentido literal do termo - nesta vida.

Mas a verdade é que de alguma forma lamentamos, além de por tudo aquilo que é notório, a perda do homem - de qualquer homem - e, no caso aqui, da arte, também pela utópica pretensão, para não dizer fantasia - ou seria realismo fantástico? - de um dia virmos a ter o privilégio de trocar uma ideia com elas, ou algo assim...

Enfim, seja como for, só pra não perder a deixa para mais um trocadilho infame (especialidade da casa, é verdade) - e uma, digamos, melancólica "piada interna" com quem leu o maior clássico do Gabo, como era conhecido o escritor - numa última homenagem ao colombiano:

Impossível ter um Buen día hoje com uma notícia dessas.


(por Diego T. Hahn)


quarta-feira, 16 de abril de 2014

Novos eventos de lançamento do "Histórias reais de amigos imaginários (e vice-versa)" (por Diego T. Hahn)


SEGUNDA (E ÚLTIMA) CHAMADA!!


Para os (*%&#*%!) amigos que não compareceram no primeiro evento na Athena Livraria, duas novas oportunidade aí:


Lançamento oficialíssimo (e quase internacional) do "Histórias reais de amigos imaginários (e vice-versa)" no Café da Praça, em Uruguaiana, no próximo sábado, 19 de abril.

 


E, na sequência, na Feira do Livro de Santa Maria, no domingo, dia 4 de maio!

E os que prestigiaram o amigo lá na Athena também estão convidados, claro, a repetir a dose (inclusive de repente comprando mais um exemplar - pra presentear, ué!, algum colega no amigo secreto do trabalho ou aquela tia distante pra quem a gente nunca sabe o que dar de aniversário ou no Natal), por que não!?



Abraços e até lá!

Diego


Lembrando que o primeiro sorteio dos ausentes acumulou!! E na Feira sairá o resultado definitivo, sendo que há consideráveis acréscimos na premiação, tais quais:

- Tião Taco de Beisebol garantiu a parceria do seu sócio Alcemir Marreta na visita surpresa de cortesia na casa ou no trabalho do amigo sorteado;

- E para a viagem à Ucrânia, estamos em intensa negociação com a Malasya Airlines, que acena com a possibilidade de uma passagem inteiramente grátis para o felizardo premiado!

Consultoria em Marketing agressivo: Corleone e Fratelli LTDA.