William Wallace foi caçado, preso e torturado.
Mais
especificamente chutaram suas bolas. Bateram sua cabeça no chão. Usaram
instrumentos cirúrgicos, tais quais espátulas e bisturis, entre outros, na sua carne para causar-lhe dor das mais diferentes formas. Amarraram seus braços
e pernas com cordas e puxaram-nas em direções opostas, quase arrebentando seus
músculos, tendões, e tudo o mais.
Arrancaram suas bolas.
Cortaram-lhe a cabeça.
Esquartejaram-no.
Mas,
independentemente de exageros na sessão de tortura da película – creio que não; na verdade, dadas as "gentilezas" às quais tinham inclinação com seus inimigos à época medieval Inglaterras e Igrejas Católicas da vida (bem, não que a Inglaterra tenha mudado tanto assim...), talvez até tenham
amenizado um pouco a coisa toda – , a história
é baseada na história verídica do herói escocês, que se deu mal, como descrito
acima, na sua cruzada pela independência de seu país do jugo inglês.
E, depois de tudo isso, de todo esse sofrimento do cara, vem
agora o pessoal lá na Escócia e diz: “Tá, vamos fazer um plebiscito pra ver se
a gente se separa da Inglaterra ou não”???
Simples assim??
E como fica William Wallace?
E suas bolas??
Ninguém vai pegar na espada ou num machado e invadir o
Palácio de Buchinfuckinghan gritando “FREEDOOOOOOOMMMM”???
Que bela droga!
Mas, enfim... que seja.
Não vamos entrar no mérito da questão – a maioria da
população daquele país acabou votando por não separá-lo do Reino Unido – e, calma,
gauchada adolescente de apartamento!, a lição aqui não, não é sobre separatismo,
mas sim sobre o valor do voto e para os que desprezam a possibilidade do mesmo.
Nos dias de hoje um voto, como no exemplo, pode, ao menos, poupar muitas gotas de suor e de sangue do povo.
Nos dias de hoje um voto, como no exemplo, pode, ao menos, poupar muitas gotas de suor e de sangue do povo.
E que o William Wallace tem a ver na verdade com o que eu
quero dizer aqui?
Quase nada.
Na realidade, eu tô viajando na maionese escocesa, mas também achei que de certa forma era uma maneira interessante de se começar este texto - já que a maioria costuma achar chato falar/ouvir/ler sobre política - pegando esse gancho bem genérico e vagabundo.
Na realidade, eu tô viajando na maionese escocesa, mas também achei que de certa forma era uma maneira interessante de se começar este texto - já que a maioria costuma achar chato falar/ouvir/ler sobre política - pegando esse gancho bem genérico e vagabundo.
Mas, bem, prometo que vou dar um jeito de acabar fechando esse círculo e
o que eu quero dizer pra você que tá aí cagando pra política e simplesmente
repetindo roboticamente “mantras” como “político é tudo ladrão” e ameaçando
anular ou voltar em branco, na realidade, são coisas como o seguinte:
Você sabia, por exemplo, que os candidatos a senador no
Brasil devem indicar 3 substitutos para o caso de, depois de eleitos, por algum
motivo – depostos ou voluntariamente – caírem fora? E que muitas vezes esses
indicam filhos, esposas e amigões de infância?? E que muitas vezes eles caem
realmente fora, deixando lá no Senado figurinhas que não receberam um voto sequer e nada têm a ver com o
metiê, teoricamente decidindo o que pode e o que não pode no nosso país, ou nem
sequer fazendo isso, simplesmente fazendo nada, e embolsando todo mês um
salário de vinte e lá vai picos mil reais??
Quase ninguém sabe disso, me atrevo a dizer. Eu, ao menos,
não imaginava isso e só descobri essa esses dias.
Tá certo que é "legal", não passa de mais uma aberração das regras eleitorais do
nosso país que permite tais expedientes, mas, quer fazer algo de bom com o teu
voto? Pesquisa, pois, quem são os substitutos desses camaradas, pra tentar ter
uma noção do que se passa pelas cabeças deles e escolher o menos pior, que
seja, e não simplesmente votar por votar ou votar em branco ou anular o voto (o
famigerado Lobão, por exemplo, que inclusive
agora está na lista dos denunciados pelo alcagueta da Petrobras, renunciou ao
Senado para assumir Ministério, presenteando assim o filhão, o Lobo Filho, com o nobre cargo e, de lambuja, com uma mesada um tanto quanto mais robusta - e, o que é melhor, que não é ele quem paga!).
Outra:
Você sabia que os partidos costumam usar essas figuras
públicas – jogadores, artistas, palhaços (de profissão mesmo), etc – , os
chamados “coelhos”, nas eleições, sem maiores preocupações com a eleição ou não
deles, mas sim com a probabilidade de eles, por serem conhecidos do público,
simplesmente puxarem votos para a legenda, ajudando assim a aumentar sua
bancada, graças aos estroboscópicos quocientes eleitoral e partidário?
Sim, recebendo o voto dos “fãs”, eles
ajudam a colocar lá outros mequetrefes, não tão notórios até então, mas que
depois acabarão ganhando também fama, graças a algum escândalo noticiado em
algum telejornal, e a gente vai se perguntar: “Mas como diabos esse cara chegou
lá??”.
Por falar em jogadores candidatos, um deles é o Washington (ex-centroavante de Fluminense, Caxias, Inter, entre outros), também conhecido como "Coração Valente" (eu não disse que de alguma forma fechava esse círculo?), que concorre a deputado federal pelo Rio Grande do Sul.
Não, acho que o voto não deveria ser obrigatório, mas, como
é, votar em branco ou anulá-lo talvez não seja a melhor opção de protesto
contra o que está errado aí – a maior rebeldia mesmo creio que seria votar
depois de se informar melhor sobre as regras eleitorais, históricos dos partidos
e, claro, dos candidatos, e saber justificar esse voto – e, pra completar,
depois saber cobrar dele essa confiança depositada.
Pegando mais um gancho internacional, usemos o exemplo do
plebiscito de 1988 no Chile (retratado recentemente no filme “No”). A ditadura de Pinochet, no poder
desde 1973, crente que sairia vitoriosa também naquela situação, ofereceu um
plebiscito à população para determinar se esta seria favorável ou contrária ao
prosseguimento do general no poder por mais oito anos. Apesar de toda a
repressão, a oposição conseguiu se mobilizar e, como ilustra o título do filme,
57% dos votantes foram contra a continuidade do governo do ditador, que
respeitou o resultado, finalmente oferecendo ao país a possibilidade de novas
eleições democráticas depois de alguns terríveis anos de um também quase medieval (ôpa; lá vem vindo ele outra vez...) obscurantismo.
Portanto, usa bem teu voto nas próximas eleições, vivente, nem que seja em memória aos que lutaram por ele para ti, ou aos que pereceram mundo afora pela falta de uma possibilidade dessas, ou William Wallace (olha aí ele de novo!) pode aparecer, só de kilt, sem nada por baixo – e, lembrando para as taradas de plantão: nem se animem, pois quando digo “nada” é literalmente nada, como já explicado na parte da tortura lá em cima... – pra te dar um belo dum cagaço no meio da noite!
Ah, acabamos de receber um comunicado do Superior Tribunal Eleitoral: Washington "Coração Valente" recebeu 33.492 votos.
Não conseguiu se eleger.
Não conseguiu se eleger.
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