terça-feira, 19 de novembro de 2013

Política V (por Juliano Lanius)


Em Sana Maria, cidade considerada do interior e, por isso, mais arraigada dos costumes tradicionalistas do RS, há falta de interesse das escolas em participar dos desfiles de 7 e 20 de setembro. A primeira data é em comemoração à Independência do Brasil, que tem como organizadores do desfile as diferentes secções e subsecções do Exército em SM. Já a segunda marca a data da Revolução Farroupilha, guerra que se fez necessária para a consolidação do Estado. E este desfile é organizado pelo Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG), e também acompanhado pelo Exército. As forças armadas mostram-se preocupadas com o número de inscritos este ano para as comemorações, e diz que este número diminui a cada ano. Porque será?

            Lembro-me dos meus tempos colegiais e das “horas cívicas” que tínhamos, eu e meus colegas, semanalmente. Talvez fosse na segunda ou na sexta-feira, não recordo, mas uma vez por semana saíamos ao pátio do colégio, enfileirávamos – ou éramos enfileirados pelas professoras, provavelmente – em frente ao mastro, onde a bandeira (nacional e/ou rio-grandense) seria hasteada. Era um ritual. As professoras exigiam postura correta na hora da execução do hino e conversas paralelas eram inflexivelmente discriminadas. Aqueles que não sabiam o hino podiam consultar a letra atrás dos livros didáticos que usávamos. Não estudo mais em escolas públicas, então, não tenho mais acesso aos livros didáticos atuais. Sei que os livros que vêm do governo federal ainda contêm o hino em seu verso, mas como as escolas podem escolher outros livros, pode ser que esses nem sequer mencionem questões patriotas em seu conteúdo. Talvez a falta de incentivo por parte das escolas em conhecer, valorizar e proclamar as culturas de identidade nacional e estadual, seja o vetor da diminuição dos colégios inscritos para os desfiles.

            Nas semanas passadas, desembarcaram os primeiro médicos cubanos que trabalharão em solo brasileiro. Foram recebidos com grande indignação – pelos médicos brasileiros – e, ao mesmo tempo, com grande entusiasmo – por aqueles que necessitam do atendimento que será prestado pelos estrangeiros, o povo. Um dos argumentos usados pelos médicos brasileiros, que são contra a contratação dos cubanos, é o de que eles – os cubanos – irão trabalhar como escravos, sem vínculo empregatício ou benefícios. E daí? O que os médicos brasileiros têm com isso? Se estiverem com pena dos importados, que contribuam doando uma parte de seus exorbitantes salários àqueles que agem em favor do objetivo primordial do exercício da medicina: a vida.

            Percebe-se uma demasiada preocupação com a vida alheia, com os pormenores dos outros. Se os médicos do Brasil não querem trabalhar por esse ou por aquele motivo, tudo bem. Mas não façam com que o trabalho dos outros seja menosprezado e caluniado, pois cada um luta por objetivos pessoais, assim como fazem os médicos cubanos. Se nossos doutores querem somente atender em seus consultórios particulares, que o façam. Mas deixem aqueles que acreditam em uma medicina assistencial e humanitária fazerem o trabalho deles. Isso se chama respeito à privacidade e às escolhas alheias, e é o mínimo que se espera de uma classe que se diz tão culta e avançada.

            Foi contratado, pela Prefeitura de Santa Maria, para a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, o Sr. Jaques Jaeger. Ele foi gerente regional do SEBRAE e diretor da Agência de Desenvolvimento de SM, e é formado em Administração pelo Centro Universitário Franciscano e pós-graduado em Gestão Empresarial pela FGV. Podemos identificar uma mudança de paradigma quanto à contratação de funcionários públicos, atentando à sua formação técnica para ocupar cargos específicos. Deixou-se de lado os apadrinhamentos políticos, tendo em vista o caráter profissional, as habilidades, competências e conhecimentos do candidato a vaga. É possível vislumbrar como esperançosas atitudes como esta, pois temos uma posição relevante na administração municipal sendo dirigida por alguém que conhece do assunto, alguém que é especialista na área. Esperamos por resultados compatíveis. Esperamos por resultados. Esperamos.

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