Em Sana Maria, cidade considerada do
interior e, por isso, mais arraigada dos costumes tradicionalistas do RS, há
falta de interesse das escolas em participar dos desfiles de 7 e 20 de
setembro. A primeira data é em comemoração à Independência do Brasil, que tem
como organizadores do desfile as diferentes secções e subsecções do Exército em
SM. Já a segunda marca a data da Revolução Farroupilha, guerra que se fez
necessária para a consolidação do Estado. E este desfile é organizado pelo
Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG), e também acompanhado pelo Exército. As
forças armadas mostram-se preocupadas com o número de inscritos este ano para
as comemorações, e diz que este número diminui a cada ano. Porque será?
Lembro-me
dos meus tempos colegiais e das “horas cívicas” que tínhamos, eu e meus
colegas, semanalmente. Talvez fosse na segunda ou na sexta-feira, não recordo,
mas uma vez por semana saíamos ao pátio do colégio, enfileirávamos – ou éramos
enfileirados pelas professoras, provavelmente – em frente ao mastro, onde a
bandeira (nacional e/ou rio-grandense) seria hasteada. Era um ritual. As
professoras exigiam postura correta na hora da execução do hino e conversas
paralelas eram inflexivelmente discriminadas. Aqueles que não sabiam o hino
podiam consultar a letra atrás dos livros didáticos que usávamos. Não estudo
mais em escolas públicas, então, não tenho mais acesso aos livros didáticos
atuais. Sei que os livros que vêm do governo federal ainda contêm o hino em seu
verso, mas como as escolas podem escolher outros livros, pode ser que esses nem
sequer mencionem questões patriotas em seu conteúdo. Talvez a falta de
incentivo por parte das escolas em conhecer, valorizar e proclamar as culturas
de identidade nacional e estadual, seja o vetor da diminuição dos colégios
inscritos para os desfiles.
Nas
semanas passadas, desembarcaram os primeiro médicos cubanos que trabalharão em
solo brasileiro. Foram recebidos com grande indignação – pelos médicos
brasileiros – e, ao mesmo tempo, com grande entusiasmo – por aqueles que
necessitam do atendimento que será prestado pelos estrangeiros, o povo. Um dos
argumentos usados pelos médicos brasileiros, que são contra a contratação dos
cubanos, é o de que eles – os cubanos – irão trabalhar como escravos, sem
vínculo empregatício ou benefícios. E daí? O que os médicos brasileiros têm com
isso? Se estiverem com pena dos importados, que contribuam doando uma parte de
seus exorbitantes salários àqueles que agem em favor do objetivo primordial do
exercício da medicina: a vida.
Percebe-se
uma demasiada preocupação com a vida alheia, com os pormenores dos outros. Se
os médicos do Brasil não querem trabalhar por esse ou por aquele motivo, tudo
bem. Mas não façam com que o trabalho dos outros seja menosprezado e caluniado,
pois cada um luta por objetivos pessoais, assim como fazem os médicos cubanos.
Se nossos doutores querem somente atender em seus consultórios particulares,
que o façam. Mas deixem aqueles que acreditam em uma medicina assistencial e
humanitária fazerem o trabalho deles. Isso se chama respeito à privacidade e às
escolhas alheias, e é o mínimo que se espera de uma classe que se diz tão culta
e avançada.
Foi
contratado, pela Prefeitura de Santa Maria, para a Secretaria de
Desenvolvimento Econômico, o Sr. Jaques Jaeger. Ele foi gerente regional do
SEBRAE e diretor da Agência de Desenvolvimento de SM, e é formado em
Administração pelo Centro Universitário Franciscano e pós-graduado em Gestão
Empresarial pela FGV. Podemos identificar uma mudança de paradigma quanto à
contratação de funcionários públicos, atentando à sua formação técnica para
ocupar cargos específicos. Deixou-se de lado os apadrinhamentos políticos,
tendo em vista o caráter profissional, as habilidades, competências e
conhecimentos do candidato a vaga. É possível vislumbrar como esperançosas
atitudes como esta, pois temos uma posição relevante na administração municipal
sendo dirigida por alguém que conhece do assunto, alguém que é especialista na
área. Esperamos por resultados compatíveis. Esperamos por resultados.
Esperamos.
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